Em meio ao diálogo de paz, indígenas da Colômbia têm direitos violados

As ruas de Bogotá, amanheceram mais coloridas nesta quarta-feira (25). Milhares de indígenas, de diversas regiões, tomaram a capital colombiana para denunciar as violações que veem sofrendo, apesar do processo de paz que avança a passos largos em Havana, Cuba.

Indígena colombiana - Efe

Há pouco mais de um mês, um dos mais importantes líderes indígenas da Colômbia foi preso, acusado de delito e sequestro simples. Feliciano Valencia, líder e conselheiro da Associação de Indígenas do Norte de Cauca (Acin), foi condenado a 18 meses de prisão porque supostamente agrediu um cabo do Exército colombiano durante uma manifestação em 2008.

Para as comunidades originárias a prisão de Feliciano se trata pura e simplesmente de perseguição contra o povo indígena. Esta não foi a primeira vez que o líder foi detido e/ou intimidado pela Justiça colombiana por defender os direitos de seu povo. A comunidade representada por ele está localizada em uma das regiões mais dominadas pelo narcotráfico e pelo paramilitarismo e Feliciano é um símbolo da resistência indígena no país.

Durante a marcha, os indígenas denunciaram os atos de violação de direitos e a situação de vulnerabilidade da autonomia que as comunidades veem sofrendo. De acordo com o porta-voz da equipe de paz da Acin, Ricardo Rojas, o protesto social é o melhor caminho para que os governos ouçam as mazelas sob as quais os povos indígenas são submetidos.


A marcha percorreu as principais ruas centrais de Bogotá 

“Decidimos vir a Bogotá para evidenciar o quão injusto foi a detenção do líder indígena Feliciano Valencia. Mas temos analisado não só o tema de Feliciano. Está evidente que há um ataque contra a jurisdição do espaço indígena e ações de repressão contra os protestos sociais que veem aumentando paralelas ao processo de paz que se desenvolve em Havana”, afirmou o dirigente.

Feliciano Valencia

Valencia é um militante dos direitos humanos bastante conhecido na Colômbia. Ele se destaca por defender e dar visibilidade às questões dos povos indígenas. Há pouco tempo apresentou uma proposta de paz para as comunidades originárias de Cauca, diante do grave conflito armado que atinge a região.

A resistência de Valencia foi reconhecida em 2000, quando ele recebeu o Prêmio Nacional da Paz por ser considerado um símbolo da resistência pacífica contra os conflitos armados promovidos pelo paramilitarismo e pelo narcotráfico.