Impeachment: Cearenses repudiam tentativa de Golpe

Um dia após a confirmação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB -RJ) autorizou a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), lideranças cearenses condenam a ação, considerada “inaceitável” e um “golpe à democracia”. A decisão de Cunha foi anunciada poucas horas após a bancada do PT decidir votar pela continuidade do processo contra ele no Conselho de Ética.

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Em sua página na rede social, o governador Camilo Santana (PT) manifestou sua opinião sobre a decisão. “Trata-se claramente de uma atitude motivada por vingança pessoal e desnuda a inaceitável chantagem que vem paralisando o país nos últimos meses. Como defensor intransigente da Democracia, repudio este gesto que gera ainda mais instabilidade num momento delicadíssimo para o Brasil. Tenho certeza absoluta de que as instituições sérias deste país e o seu povo jamais permitirão qualquer ruptura com a Democracia e com o Estado de Direito. Somente desta forma enfrentaremos o momento difícil pelo qual passa o nosso país e sairemos ainda mais fortes. Respeito à Democracia sempre!”

O deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) afirma que é “motivo de vergonha e repúdio” a decisão do presidente da Câmara dos Deputados. “Agindo assim, o presidente da Câmara está subestimando coisas muito sérias, como a própria democracia, uma conquista pela qual lutamos durante mais de 21 anos de ditadura”. O comunista considera que o pedido de impeachment é meramente político. “Ele não encontra nenhuma base na realidade, como já avaliaram até mesmo entidades como a OAB, que externou publicamente que as chamadas ‘pedaladas fiscais’ não são motivo para impedimento de presidente”, avalia.

Segundo Lopes, a batalha está só começando e conclama a união popular em defesa do País. “Que sigamos todos mobilizados, em defesa da democracia, do mandato constitucional da presidenta Dilma, das instituições republicanas do nosso País, das conquistas sociais dos governos populares, que colocaram mais comida na mesa e mais dinheiro no bolso do trabalhador, com mais e melhores perspectivas de vida. A não aceitação dessa realidade, de que o Brasil mudou e é agora um país para todos, é a verdadeira causa das tentativas de golpe, das ações reacionárias, dos atos desmedidos do senhor presidente da Câmara dos Deputados. Enquanto ele, sim, segue tendo muito o que explicar à Justiça, ao Ministério Público, à Receita Federal e à sociedade”.

A deputada estadual Augusta Brito (PCdoB) também mostrou indignação. A parlamentar reafirmou a posição do PCdoB a favor da democracia e pela permanência da presidenta Dilma, eleita democraticamente pela maioria dos brasileiros. “A palavra 'achacador' que o ex-governador Cid Gomes usou enquanto Ministro da Educação foi dito como exagero por muita gente, mas estamos vendo que realmente se comprova a acusação. A intenção do Eduardo Cunha é confundir e não contribuir para a melhoria da população. Agora nós temos mais uma prova da real intenção dessas pessoas que não têm nenhum compromisso, nenhuma ética em relação à democracia do Brasil. Muito pelo contrário, estão dificultando cada vez mais a situação do nosso País com um pedido infundado. Não ao Golpe contra a Democracia!"

Inácio Arruda, secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará e ex-senador, condenou duramente a iniciativa de Cunha. "É inaceitável que o presidente da Câmara dos Deputados se agarre as camarilhas golpistas para tratar de uma vindita, criando um tumulto político e econômico no País, pondo em risco a democracia. O mandato da Presidenta Dilma é uma conquista popular consagrada pelos eleitores brasileiros. A peça impeditiva apresentada ao presidente da Câmara não tem nenhuma sustentação legal. Trata-se de uma fundamentação grosseira que tem no fundo a articulação da direita brasileira, que teima em não aceitar a sua quarta derrota consecutiva nas urnas. Manter o Brasil ampliando conquistas sociais, fortalecendo a democracia e a soberania nacional é dizer não ao golpe".

O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE), ferrenho opositor de Eduardo Cunha, também criticou o parlamentar e chamou de “golpe” a abertura do processo. “Não aceitaremos que um chefe de quadrilha processado na justiça por corrupção leve o País à ruptura democrática! Não aceitaremos o golpe!”, bradou.

E os movimentos sociais também estão mobilizados e indignados. Luciano Simplício, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Ceará (CTB-CE), considera um “atentado profundo à democracia” a abertura do processo de impeachment. “Trata-se de uma atitude inadmissível e de desrespeito de uma pessoa que vai de encontro ao desejo de 54 milhões de votos que foram conferidos a Dilma dando a ela o poder de conduzir o País. Isso tem que ser respeitado, goste ou não. E para combater esse atentado, vamos às ruas! A CTB já articula, tanto nacionalmente, quanto no Ceará, com outras centrais sindicais, que ocuparemos as ruas para fazer história e não deixar que o golpe vá adiante”, ratifica.

A juventude, que sempre foi protagonista nas principais manifestações populares do Brasil, também não está calada. Sarah Cavalcante, presidente estadual da União da Juventude Socialista no Ceará (UJS-CE), ratifica que a juventude cearense acha “inadmissível” o acolhimento do pedido de impeachment acatado por Eduardo Cunha. “Ele atua na base da velha política, da barganha e da chantagem. Esse parlamentar não tem moral nenhuma para de ir contra os 54 milhões de votos dados a Dilma, pois ele tornou-se inimigo do povo, das mulheres, da juventude e não pode querer ir contra o voto popular, contra os que ele não representa”.

A militante reforça que os movimentos sociais estarão atentos e unidos para enfrentar atitudes antidemocráticas. “Estaremos de prontidão para bradar Fica Dilma, Não ao Golpe, Viva a Democracia e Fora Cunha. E disso a juventude não abre mão, estamos na linha de frente para defender a democracia e o Brasil”.

De Fortaleza,
Carolina Campos

(matéria atualizada às 18h58 do dia 03/12)