MST repudia tentativa de golpe e critica conservadorismo crescente

Diante da atual crise política, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) divulgou nota oficial com seu posicionamento de afirmação do "compromisso de lutar em defesa da democracia e do respeito ao voto". E criticou o conservadorismo crescente na sociedade brasileira, representada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 

MST nota oficial

"O país tem vivenciado uma crescente onda conservadora no Congresso Nacional que na figura do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), então presidente da Câmara dos Deputados, tem orquestrado uma série de ações que promovem a retirada de direitos da classe trabalhadora, cuja ofensiva se desembocou na autorização da abertura do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff nesta quarta-feira (2)".

"Repudiamos o comportamento do deputado Eduardo Cunha e afirmamos que ele é reflexo da aliança explícita entre a mídia empresarial, liderada pela Rede Globo, seguida por partidos políticos de direita. Logo, não tem legitimidade moral, ética ou política de propor o impedimento da presidência da república", afirma em trecho da nota.

Como principal articulador da tentativa de golpe que coloca em xeque um processo eleitoral democrático deste país, o MST reafirma a luta pelo Fora Cunha! E convoca à todos e todas para se somarem.

"Convocamos toda a militância e toda a classe trabalhadora para lutar pela cassação do mandato e prisão de Eduardo Cunha. Entendendo que somente com as reformas estruturais podemos colocar Brasil em um novo patamar de democracia e justiça social."

Segue a íntegra:

Nota do MST sobre o impeachment da presidenta Dilma

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem à público denunciar a tentativa de golpe institucional contra Presidenta da República, Dilma Rousseff, promovido pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e reafirma seu compromisso em defesa da democracia e do respeito ao voto.

Repudiamos o comportamento do deputado Eduardo Cunha e afirmamos que ele é reflexo da aliança explícita entre a mídia empresarial, liderada pela Rede Globo, seguida por partidos políticos de direita. Logo, não tem legitimidade moral, ética ou política de propor o impedimento da presidência da república.

Todos os ataques aos direitos da classe trabalhadora, proferidos sob a Presidência de Eduardo Cunha na Câmara de Deputados, estão sendo respondidos com um grande FORA CUNHA! Portanto, seguiremos empunhando essa bandeira até que o Cunha caia e seja provada a sua culpabilidade criminosa nos processos instaurados, sendo imediatamente preso.

Salientamos a necessidade de o Governo Dilma assumir a pauta que a elegeu em 2014 e fazer um mandato que defenda a classe trabalhadora. Porém, não aceitamos nenhum tipo de golpe e vamos defender o mandato da Presidenta legitimado pelas urnas. Ao mesmo tempo, continuaremos lutando para combater a atual política econômica de viés neoliberal, implementada no segundo mandato da Presidenta Dilma, que penaliza a população brasileira, promove um retrocesso nos direitos trabalhistas, beneficia o capital rentista e sinaliza a entrega das nossas riquezas naturais à rapinagem do capital internacional.

Acreditamos que as crises política, econômica, social e ambiental que vivemos nos dias de hoje, exigem profundas reformas estruturais que assegurem a consolidação e aprofundamento da democracia, promovam a distribuição da renda e riqueza produzida aqui e garantam a soberania do nosso país.

Por isso, convocamos toda a militância e toda a classe trabalhadora para lutar pela cassação do mandato e prisão de Eduardo Cunha. Entendendo que, somente com as reformas estruturais podemos colocar Brasil em um novo patamar de democracia e justiça social.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
São Paulo, 03 de dezembro de 2015.