PCdoB-CE se articula para defender a democracia

Sindicalistas, bancários, juventude, mulheres, profissionais liberais, lideranças populares e comunitárias. A militância comunista atendeu ao chamado da direção estadual do PCdoB-CE para debater ações em defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma e lotou o auditório do Comitê Municipal de Fortaleza na noite da última segunda-feira (07/12).

PCdoB-CE se articula para defender a democracia

Com o brado de “Não vai ter golpe, vamos pras ruas!”, o sentimento de preocupação e indignação estava em cada intervenção e olhar dos que se reuniram para definir uma agenda de ações e propor novos movimentos e garantir que o golpe “não passará”.

Com o intuito de preparar uma grande mobilização do Partido no Ceará, a plenária contou com a participação do presidente estadual do PCdoB-CE, Luís Carlos Paes, que destacou que o país vive um momento importante e delicado. O dirigente comunista ressaltou a realização, no semestre passado, da 10ª Conferencia Nacional do Partido, com várias plenárias em Fortaleza, onde foram debatido e aprovado o documento proposto pela direção nacional que norteia a ação dos comunistas diante do atual quadro político brasileiro.

Ele também ressaltou o recente processo pelo qual o Partido passou, de Conferências Estaduais, que também mobilizou a militância em todo o país e com todas as discussões centradas com um plano de fundo: “a atual crise no Brasil e no mundo que se arrasta desde 2007, uma das maiores crises do capitalismo”. E a crise que assola o país, destaca Paes, não é só no Brasil. “Este fenômeno de tentativa de desestabilização de governos progressistas eleitos na América Latina acontecem desde 1998 e já alcançaram países como a Venezuela, o Paraguai, Honduras, Equador, Chile e agora, recentemente, a Argentina”.

Paes destacou em sua intervenção que, as iniciativas adotadas nos últimos anos, desde o Governo Lula e continuadas por Dilma, como o fortalecimento do salário mínimo e dos programas sociais, inflamaram a direita brasileira. “2014 foi um ano difícil, quando a oposição viu a possibilidade de vencer as eleições. A Operação Lava Jato, por exemplo, surgiu com o objetivo de desgastar o governo e, embora seus principais envolvidos sejam pessoas que estejam na Petrobras há décadas, a decisão é de investigar o que aconteceu nos últimos anos, fato conveniente à oposição conservadora”, avalia.

Após uma das mais disputadas eleições já realizadas no Brasil, a vitória apertada de Dilma e das forças progressistas continuou sendo contestada pela direita que ainda não se conformou de, por quatro eleições seguidas, serem derrotados “porque defendem um projeto de país que sirva aos grandes grupos econômicos e para o povo a miséria, que busca entregar nossas riquezas ainda mais ao capital estrangeiro e quer precarizar os direitos dos trabalhadores e reduzir os programas sociais”. “Eles ainda estão na ofensiva, fomentando uma campanha antipatriótica, sem compromisso com o país, com a democracia nem com os direitos sociais e a economia”, considera.

Diante deste cenário, Paes avalia que a presidenta Dilma assumiu seu segundo governo “tentando dar um passo atrás para dar dois a frente, buscando criar melhores condições políticas para poder governar e construir uma maioria política”. Ele considera ainda que a questão econômica também criou uma série de problemas, inclusive dentro da própria base do Governo. “A oposição, caso tivesse ganhado as eleições em 2014 teria feito um ajuste fiscal ainda pior”, pondera.

Não vai ter golpe!

Sobre o processo de impeachment acatado na última semana pelo deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, o dirigente comunista reforça que não há nenhum ato nem atitude que condene Dilma. “Não há, em nenhum de seus dois mandatos, nenhum indício que signifique que ela praticou algum crime. Há quase dois anos mexem e não descobrem nada que pudesse responsabilizá-la. Trata-se puramente de um jogo político”, condena.

Paes avalia que o início do processo de impeachment acatado por Cunha trata-se de uma manobra buscando encobrir suas chantagens com o Governo na tentativa de não perder seu mandato. “Foi uma atitude corajosa de Dilma decidir que não cederia aos seus acordos. Cunha tem que ser investigado e, caso comprovado, deve pagar por seus crimes”, defende.

Sobre Dilma, o dirigente do PCdoB-CE reafirma que sua trajetória de luta é seu maior legado. “A presidenta tem uma biografia de luta, que enfrentou a ditadura, foi presa, torturada e reconstituiu a vida ao ponto de ser eleita pelo povo e merece todo o nosso apoio”, reconhece.

Bandeira principal: defender a democracia

Paes rememorou fatos históricos do país, que em 1954, contra Getulio, e em 1964, no Golpe Militar, “quem mais perdeu foi o povo trabalhador e a juventude”. “Por isso temos que nos mobilizar e esta é nossa questão de primeira ordem: a defesa do mandato da presidenta Dilma. Se conseguirmos mobilizar o povo, com uma frente ampla, a gente terá condições de, nesse movimento, também pressionar para que as mudanças que a gente deseja possam acontecer o quanto antes. Além das manifestações de rua, que são importantes, vamos fazer este debate em todos os sindicatos, soltar panfletos, colocar matéria no boletim no jornal, realizar encontros nas comunidades, associações, universidades, escolas e em todas as bases do PCdoB, que se reuniram recentemente para a nossa 22ª Conferência Estadual”, conclama.

O comunista defende ainda que estas articulações deverão ser reforçadas no país inteiro, com frentes que já se organizam para realizar eventos conjuntos, mas é papel de cada comunista também tomar suas iniciativas. “Não podemos esperar. Esta tarefa temos que assumir cotidianamente, conversando com o povo. Não temos a televisão para tentar iludir, nossa estratégia é mobilizar e tentar vencer esta situação mais rápido possível e debelar o quanto antes este clima de instabilidade”.

E citando como iniciativa contra o golpe, Luís Carlos Paes enalteceu a aliança do governador maranhense Flávio Dino (PCdoB) com o ex-ministro Ciro Gomes e o presidente do PDT, Carlos Lupi, que no último domingo iniciaram uma ação da cadeia pela legalidade “nos moldes do que o Brizola fez em 1961, o que impediu o golpe naquela época”. “O movimento iniciado no Maranhão soma-se à nota dos governadores do Nordeste que também repudia o golpe e a vários outros movimentos que tomam força no país em defesa de Dilma. O PCdoB está disposto a enfrentar esta batalha contra os golpistas se articulando sempre de forma ampla, buscando fazer política limpa e capaz de trazer o povo para a rua. Vamos juntos botar a máquina para andar”, conclama.

Mobilizar o povo às ruas

Luciano Simplício, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Ceará (CTB-CE) enalteceu a participação popular no encontro realizado pelo PCdoB-CE. “É contagiante ver a nossa militância aguerrida para esta luta”.

O sindicalista informou que o principal ato no Ceará acontece nesta terça-feira (08/12), a partir das 14h, na Praça da Imprensa, em Fortaleza. “A deliberação aconteceu na última quinta-feira (03/12), quando já havia sido marcada a reunião onde seria lançada oficialmente a Frente Brasil Popular no Ceará. Foi um momento de união entre forças de esquerda, com a tentativa de dar uma resposta imediata de barrar o golpe. Daqui devemos ampliar e multiplicar nossas ações, pois é fundamental ter o povo nas ruas”, defende.

Simplício reforça ainda que o final de ano é um momento natural de dispersão. “Mesmo assim, devemos ficar atentos e não nos dispersarmos com o período natalino. Devido à gravidade dos acontecimentos, apesar dos recessos em instituições, é nosso dever estarmos de prontidão. Esta batalha poderá se acirra muito”, alerta.

Mais participações

Andrea Oliveira reforçou o posicionamento do PCdoB neste ano de embate político, com a participação destacada da deputada federal comunista Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que torna-se referência na política nacional. “Somos um Partido protagonista, de vanguarda, que não foge da luta e não vamos aceitar retrocessos, por isso permanecermos mobilizados é tão fundamental. Não são acordos de gabinetes que resolverão nossos problemas, mas só com o povo nas ruas seremos ouvidos. Este é o nosso papel prioritário neste momento”.

Edilson Cavalcante também destacou a importância da união de todos em defesa da democracia. “Além de argumentos, precisamos lidar com o sentimento, ganhar mentes e corações para entender sobre o que estamos falando. Sabemos o tamanho da batalha e temos que partir para o enfrentamento. E nossa maior arma é a nossa militância”.

Mariano Freitas considera o processo de impeachment acatado por Cunha uma alternativa à atual realidade política. “Não o vejamos como crise, mas como uma oportunidade. O impeachment nos mobilizou e estamos aqui, em pleno dezembro, discutindo política. Se não fosse por isso, o país continuaria talvez mais tantos anos na recessão, com juros altos e desemprego. Vamos nos levantar e fazer o que somos capazes: lutar e bradar que não aceitaremos o retrocesso”. O médico destacou ainda que, como o Partido mais antigo do País, o PCdoB tem legitimidade de levantar esta bandeira. “Temos mais tempo na ilegalidade do que na legalidade. Vivenciamos várias vezes este ataque e temos as maiores lideranças de esquerda do país: Flávio Dino e Jandira Feghali. Com eles, com todos nós e o povo na rua, venceremos mais este episódio da história do país”.

Sarah Oliveira, presidente estadual da UJS-CE, também destacou o momento crítico pelo qual o país passa, mas reconheceu a união dos movimentos sociais que irão debelá-la. “A juventude irá lutar até o fim para salvar os direitos conquistados pelo povo, por uma política de pautar o governo para avançar nas mudanças. E o PCdoB é quem pode liderar este movimento. Eis nosso desafio: ampliar a condução da luta, mas com o sentimento de agregar e convencer a sociedade da pauta política”.

De Fortaleza,
Carolina Campos