Ceará: Movimentos sociais se unem contra o Golpe

Mobilizados com o sentimento de impedir o avanço do golpe contra a democracia que ameaça o mandato legítimo da presidenta Dilma, representantes de diversas frentes dos movimentos sociais do Ceará ocuparam, na tarde desta terça-feira (08/12), um dos principais e mais movimentados cruzamentos de Fortaleza e, em uníssono, bradaram: “Não vai ter Golpe!”

Ceará: Movimentos sociais se unem contra o Golpe

A amplitude do movimento reuniu nas avenidas Desembargador Moreira e Antonio Sales centrais sindicais, representantes de partidos políticos, mulheres, juventude, sindicatos e lideranças de movimentos sociais. O clamor que une todas as categorias é de que só com o povo nas ruas o golpe poderá ser enfrentado.

Natanael Mota, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, condena a tentativa de golpe e ratifica o apoio às manifestações populares. “Esta é uma reação de forças que perderam as eleições nas urnas, formada por uma elite que quer nosso país exclusivamente pra si e assim depredá-lo. Os movimentos sociais têm a responsabilidade de assegurar a democracia e garantir a permanência e a continuidade de um governo que tem defeitos, mas foi responsável por um dos melhores momentos do nosso país, principalmente na atenção a quem mais precisa, com políticas que tiraram o povo da miséria, dando dignidade, cidadania e oportunidade. Por tudo isso apoiamos as manifestações pela verdadeira democracia, para os brasileiros e na defesa do legítimo e popular mandato de nossa presidenta”.

O bancário Robério Ximenes considera que, neste momento é fundamental a união dos movimentos sociais, sindicatos, entidades e federações de trabalhadores. “O povo precisa entender que temos um lado, diferente da grande maioria do Congresso que trabalha contra os trabalhadores e efetivamente defendem projetos antagônicos aos nossos. Cada vez que algum processo se constrói para supressão dos direitos, de ferir a democracia, de tentativa de romper um processo legal, são os trabalhadores que ficam em xeque. Ou os trabalhadores se unem e reivindicam ou poderemos ser atropelados”.

A jornalista Samira de Castro reforça que só o povo nas ruas pode barrar esta tentativa de golpe que o Brasil vive hoje, “orquestrado por Eduardo Cunha com o apoio da grande mídia que nunca esteve ao lado povo e se manteve ao lado das classes dominantes”. A presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará reforça que o povo deve ir às ruas para defender mais que o governo de Dilma, mas a democracia no Brasil: “Uma grande e recente conquista, mas que está sendo colocada à prova a todo instante”.

A mobilização dos trabalhadores para ocupar as ruas tem fundamental importância. Segundo Luciano Simplício, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Ceará (CTB-CE), a união dos movimentos sociais tem muita força. “A história do Brasil mostra que só esta união, com o povo nas ruas, é capaz de transformar o país. E este ato de hoje potencializa os próximos que deverão acontecer. Damos aqui uma resposta rápida à tentativa de golpe. Devemos jogar mais peso nos próximos atos e permanecer alerta com o objetivo de impedir a derrota da nossa democracia”.

Germana Amaral, presidente estadual da União Nacional dos Estudantes no Ceará (UNE-CE), destacou que a juventude segue protagonista nas maiores lutas do país e que hoje volta às ruas para garantir a democracia. “A mesma democracia que vem do engajamento de jovens que também lutaram e derramaram sangue na Ditadura, pela Anistia e pela redemocratização do país. Hoje defendemos o mandato constitucional da presidenta Dilma e condenamos o golpe que vem sendo apoiado pelas camadas conservadoras da sociedade que querem tirar os direitos conquistados pelo povo nos últimos anos”, ratifica.

O presidente do Comitê Municipal do PCdoB de Itapiúna, Marcelo Martins, também participou da manifestação em Fortaleza e destacou a amplitude do apoio a Dilma. “O sentimento de luta em defesa da democracia reúne vários movimentos que se colocam contra o impeachment. A amplitude vai de entidades como a CNBB e a OAB a artistas de renome nacional, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. O apoio vem das ruas, da igreja, dos shows e representa o sentimento nacional de todos os movimentos que se expressam a favor da democracia”.

Inácio Arruda, titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará, reforça que não há outra maneira de se parar o golpe a não ser pela via da mobilização popular, dos setores conscientes, dos movimentos sociais. “Temos que unir sindicalistas, estudantes organizados, juventude e setores progressistas que sabem o que significa o embate que estamos travando. O que ocorreu no Brasil é que pela primeira vez o povo teve direito a alguma coisa, com Lula e Dilma, e é isso que eles querem barrar, apoiados por uma mídia conservadora que passa 24 horas por dia conversando com o povo. Só a reação dos setores organizados da sociedade mais conscientes do projeto que está em curso tem condições de barrar o golpe. Este desfecho que veremos brevemente será favorável ou Brasil ou a setores da direita, contra o povo”. O ex-senador do PCdoB ratifica que as mobilizações devem ser incessantes. “Esta nossa mobilização tem o sentido de levantar a população em defesa da democracia. Temos que enfrentar o debate com muita energia e vigor, através de mobilizações permanentes. Não podemos parar. É nosso papel atuar todo dia, em cada canto que a gente puder, de forma ampla, envolvendo a sociedade inteira e esclarecendo a população”.

Em nome das mulheres, que também surgem como força de apoio a Dilma, Francileuda Soares, membro da União Brasileira de Mulheres (UBM) reforça que o engajamento das mulheres tem tudo a ver com a defesa da presidenta. “Elegemos e reelegemos a primeira mulher presidenta do país e temos que garantir seu mandato constitucional. O golpe trata-se, além de questões políticas, mas de equidade de gênero e questão de direito. É nesta defesa que viemos às ruas e dizer que não permitiremos nenhuma conquista a menos, mas garantir que Dilma não está só. Ela está com o povo brasileiro e com as mulheres aguerridas. Esperamos que ela seja firme porque estamos aqui para defendê-la pois é uma liderança muita representativa para todo o povo brasileiro”.

De Fortaleza,
Carolina Campos