Espanha: Bipartidarismo perde espaço e não consegue formar maioria

O Partido Popular, direitista, foi o vencedor da eleição deste domingo (20) na Espanha, tendo conquistado 123 cadeiras no parlamento de 350 deputados. Porém, terá dificuldade para compor com outras forças de direita para conseguir governar. Analistas afirmam que Mariano Rajoy provavelmente deixará a presidência espanhola.

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O Partido Socialista Operário Espanhol, de cunho social-democrata, obteve 90 assentos. Somados, os dois não obtiveram metade dos votos, quando normalmente nos últimos 40 anos obtinham cerca de 80% da preferência dos eleitores da Espanha.

Somando-se os votos da direita, o total é de 178 deputados eleitos, enquanto a esquerda elegeu 172.

Albert Rivera, líder do direitista Ciudadanos e um dos dois movimentos triunfantes deste domingo disse que a consolidação da mudança dentro do palco institucional já chegou ao parlamento. A formação elegeu 40 deputados.

O parlamento foi dividido assim, segundo a mídia espanhola:
Partido Assentos
Partido Popular 123
PSOE 90
Podemos 42
Ciudadanos 40
En Comú Podem 12
Compromís-Podemos 9
ERC 9
Democràcia i Llibertat 8
En Marea 6
Partido Nacionalista Basco 6
EH Bildu 2
Izquierda Unida 2
Coalición Canaria 1

Acordos para a formação de governo são difíceis, especialmente para Mariano Rajoy (PP), que provavelmente não conseguirá reeleger-se dentro do parlamento. Só uma coligação entre PP e PSOE poderia salvá-lo, o que já foi descartado domingo mesmo pela formação social-democrata.

Outra formação social-democrata vitoriosa, o Podemos, também se comprometeu a não apoiar a direita. Essa formação, em conjunto com outras forças regionais como En Comú Podem e Compromís – Podem (Catalunha) e En Marea (Galícia) elevaram o número de assentos do Podemos para 69 deputados.

Também a direitista Ciudadanos atinge um enorme peso no novo parlamento, com 40 assentos que lhe permitirão constituir-se em apoio da burguesia em Madri. Em sua primeira e bem sucedida campanha, não conseguiria viabilizar a continuidade do governo do PP, tal como sua liderança avisara antes das eleições. Seu movimento se absterá de votar na presidência e, assim, o PP não conseguirá formar a maioria de 172 votos, necessários para eleger o novo presidente.

Nesse cenário, de incertezas, provavelmente haverá novas eleições em dois meses.