Espanha: Esquerda Unida sofre com voto útil pregado pelo Podemos

A Izquierda Unida (Esquerda Unida), que se apresentou às eleições da Espanha com o nome simbólico da coalizão – Unidad Popular – obteve apenas dois deputados. Seus melhores resultados foram obtidos nos lugares onde o Podemos aceitou coligar-se à representação de esquerda, como a Catalunha e Galícia.

Alberto Garzón, em comício em Madri

Apesar da hashtag #Garzoners ter se convertido em uma tendência mundial no Twitter ao longo da manhã de domingo (20), as eleições acabaram sem muitas surpresas com relação à situação da Esquerda Unida, que se manteve no parlamento apesar de tudo. Com cerca de 98,69% dos votos apurados, a formação caiu de 6,92% e 1.618.810 votos das eleições de 2011 para 3,68% e cerca de 909.000 votos.

Com isso, ficou em quinto lugar no número de votos. As pesquisas indicavam que ficaria com três ou quatro deputados, mas obteve apenas dois, ambos por Madri. “Nos propusemos, como grupo parlamentar, alcançar 5% dos votos, mas não conseguimos isso”, disse o líder da Unidad Popular, Alberto Garzón, em seu discurso para membros e simpatizantes dos partidos às 23h30, reconhecendo “não ter gostado dos resultados”.

Atingido, como sempre, por denúncias vazias da mídia, e sofrendo um desgaste por ter governado em coalizão com o PSOE as regiões de Andaluzia e Astúrias, o partido que Alberto Garzón tratou de rejuvenescer cedeu parte de seu eleitorado para o Podemos, que concentrou mais as ilusões e o voto útil das esquerdas.

O fato de que a Esquerda Unida e o Podemos não foram capazes de chegar a um acordo para apresentar uma candidatura de unidade popular em toda a Espanha não só frustrou as expectativas de muitos eleitores de esquerda, mas prejudicou ainda mais a Esquerda Unida.

As duas regiões em que as duas formações se coligaram, junto com outras formações, mostraram o potencial perdido pela união que poderia ter havido. O “En Comú Podem” foi o mais votado na Catalunha e o “En Marea” foi o segundo na Galícia, vindo depois do PP. Estes votos em princípio não são computados para a Esquerda Unida. Apesar dos maus resultados, Garzón acrescentou que a Unidad Popular “semeou otimismo, a confluência e a unidade popular são o caminho”.

A formação também saiu prejudicada com a lei D'Hont, a lei eleitoral que limita o acesso ao parlamento do país. Garzón não esqueceu disso, lembrando que cada um dos seus deputados precisou de mais de 400 mil votos, diante dos deputados que foram eleitos pelo PP, PSOE, Podemos e Ciudadanos, que precisaram apenas de 60 mil votos.

Apesar dos resultados adversos, Garzón afirmou que “não vamos decepcionar esse quase um milhão de pessoas que votou na gente”, e se comprometeu a “seguir trabalhando”.

Do Portal Vermelho, com agências