Exames revelam que mulher não é neta de avó da Praça de Maio

As autoridades judiciárias argentinas afirmaram no final desta sexta-feira (25) que análises genéticas oficiais descartam a existência de qualquer ligação biológica entre Maria “Chicha” Mariani, uma das fundadoras do movimento Avós da Praça de Maio, e uma mulher, apresentada na véspera de Natal como a sua neta, desaparecida há 39 anos. Segundo o jornalista Juán Martín Ramos Padilla, biógrafo de Chicha Mariani, esta já foi informada de que a notícia divulgada no dia anterior não é verdadeira.

Mulher que se apresentou não é neta de Maria "Chicha" Mariani

A unidade especializada em casos de crianças roubadas de suas famílias durante a ditadura explicou, em comunicado, que duas análises genéticas oficiais contradizem a identificação da 120.ª criança raptada anunciada na quinta-feira. E na sua conta no Twitter, Padilla afirma que esteve com ela num tribunal, onde, com um juiz e membros da Comissão Nacional pelo Direito à Identidade verificou a existência de estudos do Banco Nacional de Dados Genéticos que descartavam aquela ligação.

O biógrafo da fundadora das Avós da Praça de Maio explica que a mulher que na véspera de Natal se apresentou, na casa de Maria Mariani, como sua neta, com uma análise genética privada na mão, tinha sido pessoalmente informada, no dia 25 de Junho, destas conclusões, mas omitiu esse fato no primeiro contato com a ativista dos direitos humanos, levando a um precipitado anúncio de uma descoberta que, afinal, não se confirmou.

No dia de Natal, acrescenta o biógrafo, foi realizada uma nova análise genética que, garante, comprova que a mulher em causa não é Clara Anahí Mariani Teruggi.

Na véspera de Natal, a Fundação Anahí, criada em 1989 por Maria Mariani depois de ter deixado a presidência das Avós da Praça de Maio, anunciou a identificação de Clara Anahi, raptada em 24 de novembro de 1976 numa operação da Junta Militar que esteve no poder até 1983. O reencontro entre avó e neta até foi difundido, através da publicação de uma fotografia, nas redes sociais.

Segundo a imprensa argentina, foi também anunciada, logo na quinta-feira, uma coletiva de imprensa para a próxima segunda-feira em La Plata, na sede da associação fundada por Maria Mariani, na residência situada na Rua 30, número 1.134. Era ali que o filho Daniel e a mulher Diana Teruggi viviam quando se deu a operação policial que redundou no assassinato de sua nora e o rapto da neta, então com três meses. Seu filho Daniel foi assassinado pela ditadura argentina oito meses depois.