Wadih Damous: Como diria Chico: “Vai passar…” 

É o vaticínio, em forma de samba, de Chico Buarque, que prevê um dia de redenção àqueles que levam pedras feito penitentes, pois um dia, afinal, têm o direito a uma alegria fugaz e a uma ofegante epidemia que se chama Carnaval.

Por Wadih Damous* 

Wadih Damous: Como diria Chico: “Vai passar…”

Embora um pouco distante desta alegria plena, há motivos para, ao menos, encontrar algum alento em meio às tempestades de um 2015 que se iniciou com um trágico “ajuste fiscal” e passou pelo pesadelo de ter uma figura destituída de predicados no comando da Câmara dos Deputados, que promoveu o maior retrocesso democrático dos últimos anos no Brasil.

Foi esse indigno comandante que, por chantagem explícita, tentou colocar o país a seus pés quando aceitou denúncia imprestável jurídica e politicamente, a que se apelidou de pedido de impeachment, com o único objetivo de dar um golpe nas eleições de 2014, somente para se livrar de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

O alento veio do Supremo Tribunal Federal, que restaurou a racionalidade democrática e retomou o papel da Constituição como norte do direito e da política.

Outro vento benfazejo nestes últimos dias do ano veio do decreto da presidente Dilma Rousseff, que reajustou em 11,6% o salário mínimo. De acordo com dados do Dieese, o novo aumento vai representar um incremento de R$ 51,5 bilhões na renda da economia brasileira em 2016.

A medida beneficiará 48 milhões de trabalhadores e começa a valer a partir do dia primeiro de janeiro de 2016. É o começo do reencontro com uma política econômica que foi a base de sustentação de um projeto político que diminui as desigualdades sociais mais latentes no Brasil.

Em 2016, espero que Eduardo Cunha seja afastado da presidência da Câmara dos Deputados e espero, também, que os debates políticos se deem respeitando as opiniões contrárias e que a alteridade conduza as relações entre as pessoas.

Espero que em 2016 o Brasil possa ver a manhã renascer, o jardim florescer e esbanjar poesia.