EUA defendem atos brutais de aliados no Oriente Médio

A administração Obama, pelo menos publicamente, sempre defendeu seus aliados do Oriente Médio, mesmo quando eles cometeram atos "brutais e irresponsáveis", afirma o repórter investigativo Robert Parry, em matéria para o Consortiumnews. Segundo o renomado jornalista, a estratégia é "uma receita para a catástrofe mundial".

Estados Unidos Arábia Saudita - EPA / STR

Os exemplos mais recentes incluem o silêncio de Washington diante da execução do clérigo xiita Sheikh Nimr al-Nimr, crítico proeminente da família real saudita, e diante da derrubada de um bombardeiro russo no espaço aéreo sírio por parte da Turquia.

"O fato de que o governo Obama não pôde expressar sua repulsa em relação à decapitação em massa [promovida pela Arábia] Saudita (juntamente com alguns pelotões de fuzilamento) de 47 homens, incluindo Nimr, no fim de semana, fala alto. O Presidente Barack Obama e outros ‘insiders’ continuam a pisar em casca de ovos em torno das desagradáveis ‘alianças’ dos EUA no Oriente Médio", escreveu Parry.

O repórter investigativo sustenta que o apoio de Washington ao reino enriquecido pelo petróleo está enraizado no fato de que Riad mantém uma "aliança não declarada com Israel em torno de seu ódio mútuo contra o Irã governado pelos xiitas e seus aliados xiitas". Os neoconservadores e os “falcões liberais”, segundo Parry, também compartilham esse sentimento.

Segue-se então que a defesa de "cada ultraje recorrente dos sauditas, catarianos e turcos" envolve tentativas de "virar o script e de alguma forma colocar a culpa sobre o Irã, a Síria e a Rússia", afirma o jornalista.

Ele também mencionou as implicações da estratégia de "mudança de regime" defendida pela linha dura dos EUA.

"Não só a obsessão neoconservadora/liberal-intervencionista com a 'mudança de regime' transformou o Oriente Médio em um vasto campo de matança, como também já espalhou instabilidade para dentro da Europa, onde o tecido da União Europeia está sendo rasgado por dissensões sobre como lidar com milhões de refugiados sírios", observou.

Apesar dessas conseqüências, os neoconservadores, na opinião de Parry, não vão recuar. Tome a Síria, por exemplo.

"No que diz respeito à oficialidade de Washington, realmente não importa o que [o presidente sírio, Bashar] Assad fez ou não fez. O que é importante é que a 'mudança de regime' na Síria tem estado na lista de tarefas a cumprir dos neoconservadores pelo menos desde meados da década de 1990 – ao lado da brilhante ideia de uma ‘mudança de regime’ no Iraque", observou o autor, não sem uma pitada de ironia.