Economista propõe gasto público maior para país voltar a crescer

Ao contrário do que dizem os críticos da política econômica posta em prática pelo governo, há vozes que defendem o aumento do gasto público como solução imediata para fazer a economia brasileira voltar a crescer.

Indústria da construção civil

Autor do recém-lançado e-book “Como tirar uma economia da crise: o caso do Governo Dilma”, o professor de História Ricardo Lopes é uma dessas vozes.

Lopes, que se confessa um adepto do neokeysianismo, diz que o atual quadro de recessão da economia brasileira – com aumento do desemprego, perda do poder aquisitivo, redução da produção industrial, queda na arrecadação, aumento da inflação e dos juros – só tende a se retroalimentar, na medida em que o Estado não intervém de forma mais incisiva, canalizando mais recursos para investimento em infraestrutura e em atividades que consumam grandes parcelas da população de baixa renda.

“É uma falácia dizer que o Estado não tem dinheiro para investir. É claro que tem. O problema, nos últimos anos, é que os gastos têm sido mal empregados. Hoje, quase 50% do Orçamento da União são consumidos com o pagamento dos juros da dívida pública. Os economistas, na maior parte das vezes, só se preocupam em defender o alcance de superávit primário e o combate à inflação.”

Segundo o professor, o artifício de emissão de moeda, um dos pressupostos de aumento de inflação, só se justifica quando os níveis de consumo e de emprego estão elevados, o que, de acordo com Lopes, não é o caso atual. Ainda assim, ele garante que o governo tem outros instrumentos para bancar esses investimentos.

“O Governo precisa romper o círculo vicioso. O Tesouro arrecada menos, porque as empresas produzem menos e as pessoas gastam menos. Quando os juros sobem, produção e consumo se retraem e o crédito fica mais caro e difícil, porque a inadimplência aumenta e os bancos, para se protegerem do calote, elevam ainda mais as taxas.”

Lopes lembra que investimentos que atendam aos consumidores — em especial os de baixa renda, que têm, segundo a teoria do keysianismo, uma proporção marginal a consumir mais – e aos setores intensivos em mão de obra e de grande cadeia de fornecedores, como é o caso da construção civil e das montadoras de veículos, teriam respostas mais rápidas, capazes de colocar o Brasil de novo na rota do crescimento.

A teoria do keynesianismo foi apresentada no início da década de 1930, pelo economista John Keynes, após a Grande Depressão surgida com a quebra das bolsas americanas em 1929. Keynes se opunha às concepções neoliberais já em voga que pregavam o desenvolvimento econômico regido pelas regras do livre mercado.

O economista discordava da tese de que os ciclos econômicos não são autorregulados e, sim, determinados, pelo “espírito animal” das empresas. Daí a defesa do economista de que compete ao Estado ser agente do controle econômico capaz de assegurar pleno emprego e benefícios sociais básicos, como seguro desemprego, salário mínimo, assistência médica gratuita e redução da jornada de trabalho.