Estudantes de Goiás ocupam escolas há um mês contra privatização

Neste sábado (9) completa um mês que estudantes secundaristas de Goiás realizam ocupações em pelo menos 24 escolas, de acordo com informações da União Brasileira de Estudantes Securandaristas (Ubes). O protesto tenta evitar que as escolas passem a ser geridas por Organizações Sociais (OSs), como pretende chamamento público do governador Marconi Perillo (PSDB).

Ocupação nas escolas de Goiás - Ubes

Para os alunos, a medida significa a privatização da educação pública. “O estado está simplesmente assinando um atentado de incompetência na gestão da educação. Para nós, é uma entrega das escolas. O estado sucateou e, agora, coloca uma organização privada, que visa ao lucro ou a outro benefício, para gerenciar”, disse o diretor da União Goiana dos Estudantes Secundaristas (Uges) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gabriel Tatico, à Agência Brasil.

Como resposta, estudantes de Goiás ocupam pelo menos 24 escolas da rede, em um movimento inspirado nas ocupações ocorridas em São Paulo. Nas escolas ocupadas, os estudantes organizam atividades culturais e oficiais esportivas, além de mutirões de limpeza e de pequenas reformas nos prédios.

Imposição

Os secundaristas criticam a falta de diálogo, postura que para eles vai no sentido inverso da educação democrática e autônoma pautada pela juventude. Com apoio dos pais, professores e das comunidades, as ocupações têm se mantido pelo apoio voluntário e doações de alimentos. Neste momento, reforçam a necessidade de doações de material de limpeza, produtos de higiene pessoal e materiais para confecção de cartazes.

A Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou uma nota se posicionando contra o repasse das escolas para as organizações sociais por entender que a medida “constitui um processo de terceirização da oferta da educação pública”. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás também é contra a mudança.

Do outro lado, Perillo e a secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, têm afirmado que "empresários são melhores gestores do que os educadores". Em nota publicada no site da Secretaria de Educação, o órgão informa que as escolas vão permanecer 100% públicas e gratuitas e que o objetivo do projeto é melhorar a qualidade e a estrutura física das escolas, além de garantir inovações tecnológicas e motivação dos professores.

“A Raquel Teixeira, secretária da Seduce, diz que está aberta ao diálogo, mas ela nunca foi falar com a gente, usa da mídia para manipular informações. Não perdemos tempo, já estamos melhorando a escola, construímos um muro de barro biodegradável perto da sala dos professores, capinamos o terreno e criamos uma horta. Nossos planos é pintar a escola”, afirma Julio Cesar, estudante do 2º ano do colégio Robinho Martins de Azevedo.

Com a conquista da negação da reintegração de posse, os estudantes permanecem mobilizados. Na escola de Julio, a ocupação acontece desde o dia 10 de dezembro e culminou com uma passeata em Goiânia na última segunda-feira (4). Houve repressão da polícia, que infiltrada, ameaçou os jovens com armas.

Privatização

A proposta do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é transferir a gestão de duzentas das 1.160 escolas estaduais para organizações sociais, iniciando o projeto pelas 23 unidades dos municípios de Anápolis, Abadiânia, Alexânia, Neropólis e Pirenópolis. Ao todo, a macrorregião de Anápolis compreende 73 escolas e atende hoje 38.875 alunos dos ensinos Fundamental e Médio.

Confira a lista de escolas ocupadas:

Américo Borges de Carvalho
José Carlos de Almeida
Carlos de Pina
Cecília Meireles
Colu
Colévgio Estadual de Aplicação Professor Manuel Caiado
Colégio Estadual Costa e Silva.
Cora Coralina
Frei João Batista
Hertha Leyser Odwyerm
Instituto Educacional de Goiás
Ismael Silva de Jesus
Jad Salomão
José Ludovico de Almeida
José Lobo
Lyceu
Murillo Braga
Nova Cidade
Padre Fernando
Pedro Gomes
Presidente Castelo Branco
Polivalente
Robinho Martins de Azevedo
Villa Lobos.

Fonte: Portal da Ubes