Aeronautas e aeroviários decidem entrar em estado de greve

Em assembleia, aeronautas e aeroviários de Guarulhos, Porto Alegre, Campinas e Recife e das bases do Sindicato Nacional dos Aeroviários decidiram entrar em estado de greve para pressionar as empresas do setor para atenderem às reivindicações da categoria.

Aeroviarios e aeronautas assembleia - Fentac

As assembleias aprovaram contraproposta salarial, que será apresentada às companhias aéreas no dia 14. Entre as reivindicações estão aumento salarial de 12%, sendo 10,97% de reposição da inflação referente à data-base de 1º de dezembro e 0,93% de ganho real. Também são pedidas elevação de 15% de pisos salariais e alta de 20% no valor da cesta básica.

Segundo argumentam que as empresas tem condições melhorar a proposta, pois dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), divulgados no dia 31 de dezembro de 2015, o mercado da aviação brasileiro continua aquecido. "As empresas aéreas têm condições em avançar em uma proposta de reajuste salarial justa para os trabalhadores. Em 2014, 117 milhões de passageiros foram transportados, representando um acréscimo de mais de 68 milhões de passageiros nos últimos dez anos", aponta a Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da Cut, a Fentac.

"A demanda doméstica apresentou alta de 5,8% em 2014 na comparação com o mesmo período de 2013 e atingiu o seu maior nível nos últimos dez anos. Entre os anos de 2005 e 2014, em termos de passageiros-quilômetros pagos transportados (RPK), a demanda mais que duplicou neste período, com alta de 162,5% e crescimento médio de 11,3% ao ano", completa.

Segundo a federação, o número representou mais de três vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e mais de 12 vezes o da população.

Redução nos custos

A entidade também aponta que a empresas estão lucrando com o câmbio, diante da valorização do real nos últimos anos. Levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) revela que as empresas tiveram uma redução nos custos de 28%.

“As empresas de aviação, desde 2014, se beneficiam da redução mundial do preço do barril de petróleo, que impacta diretamente os custos com QAV (combustível). No entanto, a partir da desvalorização cambial do real, as empresas decidiram penalizar os trabalhadores com demissões e redução salarial”, enfatiza o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) na Fentac, Mahatma Ramos.

Para o presidente da federação, Sergio Dias, diante dos avanços comprovados no setor, os aeronautas e aeroviários devem ser reconhecidos. “Não aceitaremos perdas salariais e tampouco demissões”, adverte.