Devemos combinar luta com agenda propositiva, afirma Adilson, da CTB
O grande capital quer restabelecer a hegemonia neoliberal. Para isso, seus agentes fustigam a democracia e tentam desestabilizar governos. “É o que se vê na Venezuela, na Argentina e também no Brasil. Querem a volta do Estado mínimo e a supressão de direitos”, afirma Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Publicado 12/01/2016 09:51
O líder da CTB é o quinto entrevistado pela Agência Sindical na série com os presidentes das Centrais. Adilson afirma: “A luta principal deve ser a defesa da democracia. Para isso, o sindicalismo precisa manter sua unidade e ampliar a articulação com os movimentos sociais e o Congresso Nacional”. Ao fazer um balanço de 2015, ele observa: “Foi nossa unidade que impediu a quebra de conquistas trabalhistas e o desmonte de direitos sociais”.
O sindicalista lembra que, mesmo com forte crise política e econômica, houve avanços no ano passado. “Mais de 65% das categorias tiveram reajuste igual ou superior à inflação; derrotamos o PL da terceirização; evitamos a prevalência do negociado sobre o legislado; conseguimos manter a política de recuperação do salário mínimo; e isso não é pouco.”
Para Adilson, o movimento “Compromisso pelo Desenvolvimento” foi outra iniciativa correta do sindicalismo. “Com união e diálogo, conseguimos reunir Centrais e entidades do setor produtivo em torno de sete propostas que levamos ao governo”, diz. Um dos frutos da ação é a MP que alterou regras nos acordos de leniência. Os entendimentos continuam e a expectativa é avançar em direção a mudanças na política econômica. “Se o governo não dialogar com as forças sociais, seguirá refém da pauta da oposição”, argumenta.
Outra iniciativa saudada pelo dirigente da CTB é a retomada do PAC da construção. Mas há outros setores que precisam ser incrementados, como energia, gás e naval, conforme indica documento do Dieese. Adilson também apoia a proposta forcista de renovação da frota de veículos. “Nosso foco deve ser a defesa da democracia com crescimento econômico. Todas essas medidas ajudam”, ele comenta.
Além de citar o pouco diálogo do governo com os movimentos sociais, Adilson Araújo critica a política de ajuste fiscal, a insistência nos juros altos e o balão de ensaio sobre reforma da Previdência. Ele deixa claro: “Nada que afete direitos tem a mínima chance de ser apoiado pelo sindicalismo”.
A tarefa do sindicalismo e dos movimentos sociais, neste início de ano, é definir uma agenda com várias ações e foco. Outra demanda urgente é implementar pontos do “Compromisso pelo Desenvolvimento”, aponta Adilson. Para o presidente da CTB, este ano exigirá muito diálogo e persistência. Ele orienta: “Temos de insistir no diálogo amplo em torno da retomada do crescimento. Toda vez que conseguimos debater nossas propostas nós impedimos retrocessos ou acabamos obtendo avanços”.
O Brasil vive uma grave crise, inflada pelos setores derrotados na eleição presidencial. Adilson Araújo defende que o sindicalismo, respeitando sua diversidade, deve participar ativamente da ação política. “Essa crise deve ser respondida com luta política. Temos de identificar nossos adversários, denunciar seus objetivos e ser propositivos, mostrando saídas que interessem aos trabalhadores e ao povo brasileiro.”