Presidente da Força Sindical quer agilidade nas decisões do governo 

Miguel Torres, presidente da Força Sindical e da Confederação dos Metalúrgicos (CNMT), falou à Agência Sindical na sexta (8) e afirmou que o governo federal precisa ser ágil para que a economia recupere o fôlego. 

Miguel Torres, presidente da Força Sindical - Agência Sindical

“O País não pode esperar mais. A alta da inflação e do desemprego impõem providências ainda mais urgentes e medidas pontuais, já”, afirmou Miguel Torres. Ele é o quarto presidente de Central a ser ouvido pela Agência Sindical, na série de matérias sobre a conjuntura e perspectivas para 2016.

Para o dirigente forcista, o sindicalismo e o setor produtivo não têm demorado em apresentar propostas e posições. “Nossa crítica à política de juros altos é pública. O prazo de validade desse remédio já venceu. A taxa Selic está nas alturas e a inflação não baixou. Ao contrário”, argumentou. na opinião dele, oOs setores têm levado propostas ao governo, que responde com lentidão.
Miguel apontou que o programa de renovação de veículos poderia ter sido adotado ainda em 2015. “Entramos no ano novo sem nada definido. Esse tipo de medida é comum em vários países, de forma permanente. No Brasil, 25% da frota de caminhões tem mais de 30 anos de uso e causa 60% dos acidentes”, disse.
 
Ele também criticou a inércia na mudança tributária. “Paga-se IPVA muito alto no carro popular, quando iates, jatinhos e helicópteros são isentos. Por que não mudar isso, não taxar as grandes fortunas e a remessa de lucros?”, questionou o presidente da Força.
Indústria estratégica
Embora considere um avanço a medida provisória que mudou regras para acordos de leniência de empresas envolvidas em corrupção, Miguel Torres lamentou que outras medidas não tenham sido tomadas. 
 
Dia 3 de dezembro de 2015, as Centrais e várias associações empresariais do setor produtivo lançaram o movimento “Compromisso pelo Desenvolvimento”. Dias depois, estiveram com a presidente Dilma, a quem entregaram o conjunto de seis propostas. Haveria novas reuniões para o começo de ano. Uma delas agendada para fevereiro.
Miguel Torres apontou problemas graves em setores como aço, construção, óleo, gás e naval e acredita que medidas pontuais levantariam esses segmentos, “com reflexos gerais em quase toda a cadeia produtiva nacional e na economia”. Sem isso, o desemprego avança. Ele argumentou: “Todo país desenvolvido protege sua indústria estratégica. Aqui, estamos deixando de fazer isso, com graves consequências para o futuro do País”.
Há um marco zero para a mudança da política econômica criticada por Miguel e outros sindicalistas. É a redução da taxa de juros. “A atual política econômica põe o País a serviço do rentismo. E falam ainda que a Selic vai subir. Qual capitalista investirá na produção se pode ganhar sem esforço no mercado financeiro?”questionou.
"Conselhão" 
Com a reativação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, Miguel defendeu que sejam incorporados a este fórum os signatários do movimento “Compromisso pelo Desenvolvimento”.
 
Além das centrais de trabalhadores, o movimento, que aponta caminhos para a retomada do desenvolvimento com geração de emprego, também tem entre os membros Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e outras importantes associações do setor produtivo. 
Em dezembro, o movimento entregou à presidente Dilma Rousseff um conjunto de propostas, elaboradas com o Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Miguel manteve as críticas e afirmou que a Força Sindical seguirá com o debate e a apresentação de propostas lembrando que o Estado brasileiro tem canais institucionais para o debate.
Ele reforçou a importância de o ‘Compromisso pelo Desenvolvimento’ ocupar assento na composição do conselhão. “Temos representatividade, legitimidade, propostas e convergências”, assegurou.