Milhares protestam às vésperas do 2º turno das eleições no Haiti

Às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, marcadas para este domingo (24), milhares de haitianos têm tomado as ruas para protestar contra a realização do pleito. Nesta quarta-feira (20) foi realizado o terceiro ato consecutivo contra o que os manifestantes consideram ser “eleições fraudulentas”. A mobilização, no entanto, foi duramente reprimida pela polícia.

Manifestação no Haiti - Efe

“Essa semana é uma semana de rebelião contra o regime de Michel Martelly e contra o CEP [Conselho Eleitoral Provisório]. A população não vai recuar, ela vai até o fim para conseguir seus objetivos”, disse Volcy Assad, secretário-executivo do partido Pitit Desalin. “Não houve eleições em 9 de agosto, nem em 25 de outubro de 2015. Não poderá haver eleições em 24 de janeiro”, acrescentou ele.

Sem oposição

Celestin anunciou nos últimos dias que irá boicotar as eleições, porque, segundo ele, a atuação do governo e de países estrangeiros tornou impossível uma competição justa. “Eu não vou participar dessa farsa, não vai ser uma eleição, mas uma seleção porque haverá apenas um candidato”, afirmou. Ele diz ainda que existe uma “enorme fraude” em favor do candidato governista, Jovenel Moïse.

O nome de Celestin, no entanto, aparecerá nas urnas normalmente, uma vez que, de acordo com o CEP, o candidato não retirou formalmente sua candidatura.

No primeiro turno, em 25 de outubro, Celestin obteve 25,29% dos votos, contra 32,76% do candidato apoiado pelo governo, Jovenel Moïse.


A polícia haitiana reprimiu as manifestações contra o governo em Porto Príncipe, capital do país
A comissão de monitoramento das eleições indicada pelo governo emitiu um relatório no qual cita que 57% dos votos do primeiro turno não tinham assinatura ou impressão digital e 30% não tinham o número de identificação nacional (equivalente ao RG), exigências da legislação eleitoral.

Nenhuma mulher no Legislativo

Entre os 14 assentos do Senado haitiano que foram renovados nas últimas eleições, em outubro, não há nenhuma mulher. “Apesar de todos os anos de existência da nossa nação, somos incapazes de eleger uma mulher para o Senado. Seremos 30 homens decidindo sobre o futuro deste país, enquanto 53% da população é composta por mulheres e elas assumem todas as responsabilidades econômicas”, afirmou o presidente do Senado, Andris Riché, ao jornal norte-americano Miami Herald.

Na Câmara dos Deputados também não houve nenhuma mulher eleita entre os 92 assentos da nova legislatura. O cenário de desigualdade de gênero ocorre apesar de uma recente emenda constitucional estabelecer uma cota de 30% dos cargos para mulheres, incluindo os eletivos.