Mônica Custódio: Política salarial precisa combater desigualdades

O IBGE divulgou nesta quinta (28) a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), onde aparece que os negros ainda ganham 40,8% a menos que os brancos. “O racismo brasileiro é impressionante. Mesmo com cotas nas universidades e com reconhecida elevação no grau de conhecimento e aperfeiçoamento profissional, os negros não conseguem ganhos salariais”, diz Mônica Custódio, secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB.

Política salarial precisa combater desigualdades

Apesar disso, pelos dados do PME, o rendimento da população negra e parda cresceu 52,6% entre 2003 e 2015, enquanto os ganhos dos brancos aumentaram 25%. “Mesmo assim, os negros continuam ganhando bem menos e não têm as mesmas oportunidades”, garante Mônica.

Para ela, “as centrais sindicais precisam discutir com mais força a questão das desigualdades, porque as mulheres continuam recebendo menos que os homens, os negros menos que os brancos e as mulheres negras menos que todos”.

As mulheres também tiveram crescimento, mas ainda ganham 24,6% menos do que os homens. Em 2014 essa diferença era de 25,8%. “A igualdade dos salários entre os sexos é uma bandeira fundamental da CTB”, afirma Mônica. “Ninguém pode ser discriminado no mercado de trabalho. Temos que dar um basta em tudo isso”.

Outro dado preocupante refere-se ao crescimento da taxa de ocupação entre os jovens. Em 2015, 51,9% dos jovens estavam trabalhando ante 53,8% em 2014. Isso significa que “o Estado precisa olhar com mais cuidado para a juventude trabalhadora, fortalecendo o acesso dessa parcela da população no mercado de trabalho, além de mais educação para todos”, defende Vítor Espinoza, secretário da Juventude Trabalhadora da CTB.

A pesquisa é baseada nos dados das regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na comparação entre 2015 com 2003, ano do início da pesquisa, o rendimento médio do trabalhador aumentou 28,4%.

“As centrais sindicais precisam se unir para mudar essa realidade”, diz Mônica. “Temos que buscar agenda com a presidenta Dilma para a elaboração de políticas que traduzam em melhorias salariais para as populações que historicamente sempre tiveram menos oportunidades”.

De acordo com ela, o Coletivo Nacional de Igualdade Racial da CTB vem discutindo a questão da disparidade salarial entre negros e brancos. “Defendemos uma política de valorização salarial parecida com a feita com o salário mínimo, como forma de coibir essa discriminação”, enfatiza.