Eleições EUA: Hillary e Sanders ficam praticamente empatados em Iowa

O republicano Ted Cruz, senador pelo Texas, foi escolhidos pelos eleitores no caucus (miniconvenção) de Iowa, primeiro evento da série de primárias que aponta as preferências dos eleitores e elege os delegados para as convenções partidárias em julho. A democrata Hillary Clinton teve disputa apertada com o seu concorrente Bernie Sanders. Entre os democratas o resultado pode ser considerado um empate, Clinton obteve 49,9% de apoio, enquanto Sanders 49,6%,

Clinton e Sanders

Entre os republicanos, Ted Cruz teve 28% dos votos, contra 24% do multimilionário Donald Trump. O senador da Flórida, Marco Rubio, conquistou 23% dos votos.

Iowa representa menos de 1% do total do eleitorado nos Estados Unidos e tradicionalmente inicia a fase do caucus e primárias para a escolha dos delegados que irão votar nas convenções partidárias em julho. Iowa tem pouco mais de 3 milhões de habitantes. Os democratas elegem 44 delegados no estado e os republicanos, 30.

Em 2008, Hillary Clinton, então favorita na pré-campanha, perdeu para Barack Obama, na época senador. Para analistas e a imprensa norte-americana, uma vitória em Iowa pode representar uma tendência.

Depois da difícil conquista e de ver Sanders crescer nos últimos dias, graças ao seu discurso mais liberal e à esquerda, Hillary afirmou após o resultado: "Sou progressista e também quero mudanças".

Com as pesquisas que indicam empate técnico entre Sanders e Clinton em algumas regiões, o presidente Obama também “fez campanha”, ao defendê-la como candidata ideal pela “ampla e comprovada” experiência administrativa.

Os delegados eleitos nas primárias se comprometem a votar de acordo com a orientação dos eleitores.

No último fim de semana, os candidatos de ambos os partidos trabalharam no corpo-a-corpo em Iowa. Sanders foi atrás do voto jovem, simpatizante de mudanças mais progressistas e com viés à esquerda. Hillary Clinton se mantém como alternativa da base tradicional do partido.

Do lado republicano, o multimilionário Donald Trump, apontado como favorito nas pesquisas regionais, foi ultrapassado por Ted Cruz. Trump já declarou que vai seguir como candidato independente se não for escolhido pela base republicana.

Após o resultado de Iowa, Trump foi comedido. Disse se sentir honrado por ter sido o segundo colocado e que "ama o povo do estado".

Tudo em aberto

Se há uma ilação que já se pode retirar é a de que este vai ser um ano volátil na política americana. Donald Trump, que se apresentou como invencível, afinal pode ser derrotado. Hillary Clinton, que tem atrás de si todo o peso do aparelho democrata, não tem a nomeação garantida.

Mas o caucus do Iowa serve também para os intervenientes se posicionarem. Do lado dos candidatos, fica claro quais são os que têm hipóteses e quais os que devem começar a desistir — entre os muitos republicanos na corrida, um já anunciou a sua saída, Mike Huckabee. O democrata Martin O'Malle também decidiu afastar-se. Mas todos os olhos estão postos noutro candidato, Jeb Bush, o “príncipe” republicano que “desapareceu” na votação de segunda-feira à noite no Iowa (teve 2,7% dos votos).

Bush é o candidato com linhagem, descendendo de uma família com grande influência na família republicana, de onde saíram dois presidentes, George Bush (pai) e George W. Bush (irmão de Jeb). Desde o primeiro momento, teve do seu lado os grandes financiadores republicanos, que poderão a partir de agora canalizar as suas doações para candidatos com maiores possibilidade de garantir que a Casa Branca passa para um republicano, depois de ter estado oito anos nas mãos de um democrata, Barack Obama.

“O Iowa enviou uma mensagem que diz que o candidato do Partido Republicano e o próximo Presidente dos Estados Unidos não será escolhido pelos media nem será escolhido pelo establishment de Washington”, disse Ted Cruz ao comentar a vitória. Uma mensagem sem subterfúgios — uma queixa contra os media que todos os dias expõem Donald Trump aos eleitores, uma condenação ao partido que o ostracizou. Cruz pertence à ala ultraconservadora dos republicanos conhecida por Tea Party; o seu extremismo político levou-a a ter iniciativas de boicote total a Obama e aos democratas, por exemplo um shutdown, que é uma suspensão no financiamento público que leva ao encerramento do governo.

O próximo evento da campanha ocorre em New Hampshire nas primárias do dia 9 de fevereiro.


Matéria atualizada às 12:38, de 02.02.2016