Votação do PLS 555 é adiada e sindicalistas são barrados no Senado

Representantes do movimento sindical foram impedidos de entrar no Senado durante a tarde desta terça-feira (16) para acompanhar a votação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 555. Mesmo assim a pressão deu resultado e a votação foi adiada para a terça-feira da próxima semana. Para o movimento social, o projeto abre caminho para a privatização das estatais.

Por Railídia Carvalho

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A ausência de debate, a proibição da entrada das entidades contrárias ao PLS no Senado, a celeridade com que o projeto entrou em pauta exigiu uma força tarefa das entidades que integram o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. 

“Hoje estivemos pela manhã no Senado, visitando os gabinetes mas à tarde fomos proibidos de entrar. Foi necessário a senadora Vanessa (Grazziotin-PCdoB-AM) intervir para podemos entrar nas galerias, que estavam vazias”, informou João Paulo Ribeiro, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). 
Representantes do comitê visitaram o gabinete dos senadores tentando negociar alterações no texto do relator Tarso Jereissati (PSDB-CE). O comitê defende que os ajustes considerem o conteúdo do substitutivo apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). O substitutivo traz uma redação que agrada aos trabalhadores.
Neoliberalismo
Na opinião de Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, também representando a CTB, a agenda que está em pauta no Senado é de concepção neoliberal. 
“É contra os interesses dos trabalhadores e do país. O texto do Tasso é a lógica privatista da destruição do Estado. O que a CTB defende é o arquivamento e a abertura de uma discussão, já que isso não é possível que o texto-base para a negociação seja o substitutivo do Requião”, ressaltou Emanoel.
João Paulo também se posicionou pelo debate. “Essa temática não pode ser feita por uma Agenda Brasil, na calada da noite pelos senadores e sem nenhum debate com a sociedade. Tem que ser regulamentado o estatuto das estatais? Ok. Nós podemos ir para o debate. Agora tem que ser de forma democrática, tem que ouvir as nossas propostas”, opinou João Paulo.
Segundo ele, este é um momento delicado da política brasileira. “Não temos um clima favorável para um debate aberto e democrático, que é o que defendemos”, explicou. 
Alerta 

A resposta das entidades está obedecendo o desenrolar da movimentação no Senado. Membros do comitê continuarão em Brasília em contato com os senadores. Segundo o comitê, 31 parlamentares da Casa se manifestaram contra o projeto.

“A notícia do adiamento não nos deixa totalmente satisfeitos pois o PLS continua na pauta, em regime de urgência, e a aprovação é iminente. Vamos manter a guarda e seguir com a pressão”, afirmou Rita Serrano, coordenadora do Comitê.