Secitece debate estratégias para revitalização dos CVTs
Centros Vocacionais Tecnológicos atenderão áreas temáticas voltadas para as necessidades do Estado.
Publicado 23/02/2016 09:42 | Editado 04/03/2020 16:24

Os Centros Vocacionais Tecnológicos coordenados pelo Instituto Centec, no âmbito da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) deverão ser revitalizados em breve. O assunto foi pauta de reunião realizada na última segunda-feira (22/02), na Secitece com a participação do secretário Inácio Arruda, do deputado Ariosto Holanda e do presidente do Centec, Francisco Viana. Para isso, já estão garantidos recursos da ordem de R$ 3 milhões, oriundos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do governo estadual.
Criados em 2005 pelo então secretário Ariosto Holanda, os CVTs oferecem cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores em diversas áreas. O modelo foi replicado para vários estados do Brasil. Hoje, o Ceará conta com CVTs em 38 municípios.
Nos últimos anos, o ensino técnico e profissional no Ceará ganhou novas perspectivas com a expansão da rede de atuação do Instituto Federal, hoje presente em 37 municípios e a instalação de 120 escolas profissionais. E como o CVT se encaixa nesse novo cenário? Na avaliação do secretário Inácio Arruda, é preciso repensar o papel do CVT a partir da realidade atual e corrigir o rumo de atuação para que ele volte a ganhar força e se integre a esse movimento conjunto. Uma das estratégias que está sendo elaborada pela Secitece é a tematização, de modo a preparar os CVTs para atenderem às principais demandas do Estado.
"Hoje o Ceará conta com dois cursos de pós-graduação em Energias Renováveis e um Mestrado na área de Aviação, mas não formamos nenhum auxiliar em mecânica da aviação, por exemplo. Poderíamos citar pelo menos 10 áreas importantes para o desenvolvimento estratégico do Estado a serem tematizadas. Essa mudança exige um esforço conjunto para dar um papel mais adequado à nova realidade do Estado tanto para o Centec quanto aos CVTs", aponta o secretário.
O deputado Ariosto Holanda, criador do CVT, disse que hoje esse é um tema nacional. "No âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia, estamos discutindo um padrão que pudesse ser reproduzido dentro dessa área temática para outros CVTs no país que estejam de acordo com as políticas de governo", revela. O ex-secretário da Secitece lembrou durante a reunião, o contexto da educação profissional na época de sua criação e reforçou o papel do CVT na área de extensão tecnológica: traduzir o que é desenvolvido no âmbito das universidades e institutos de tecnologia de modo que a população tenha acesso a esse conhecimento.
Segundo os dados apresentados, o Brasil tem o 7º PIB (Produto Interno Bruto) mundial, mas ocupa a 85ª posição quando consideramos o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. "A educação, ciência e tecnologia são os melhores caminhos para diminuir essa distância", afirma. Hoje, a média nacional é de 7% de alfabetos, sendo que no Nordeste, este índice sobe para 17%. Quando observamos o analfabetismo funcional são 134 milhões de brasileiros entre 15 e 64 anos fora do mercado de trabalho, sendo que 50% estão no Nordeste.
Apesar das enormes conquistas dos últimos anos ainda há muito o que se fazer. Nos países desenvolvidos para cada profissional de nível superior, são cinco de nível médio, mas a realidade no Nordeste brasileiro é bem diferente: hoje, para cada quatro pessoas com nível superior, temos apenas um técnico de nível médio. Há carência de professores de matemática, física, química e biologia. Apenas 2% dos estudantes universitários se matriculam nas áreas de Ciências. O secretário Inácio Arruda lembrou que os cursos promovidos pela Universidade Aberta do Brasil são uma saída para solucionar esse problema e configuram outro instrumento importante com atuação direta nos municípios para fortalecer o ensino das Ciências.
Para o secretário adjunto da Secitece, Francisco Carvalho, o foco deve ser a extensão e defendeu mais parcerias com a iniciativa privada para um fortalecimento da instituição. "Precisamos ver o que a iniciativa privada quer e precisa, oferecer cursos demandados para atendê-los diretamente, prestando um serviço de excelência". Já o secretário executivo Gilvan Paiva defendeu um maior planejamento nas ações para agilizar os processos e garantir a sustentabilidade do órgão.
A reunião contou ainda com a participação do presidente do Centec, Francisco Viana e colaboradores do órgão; e dos coordenadores da Secitece, Neila Menezes (Educação Profissional); Cândido BC Neto (Educação Superior), Sandra Monteiro (Ciência, Tecnologia e Inovação), Marta Menezes (Inclusão Digital), Adeline Lobão (Desenvolvimento Institucional), dentre outros.