Lula presta depoimento no Aeroporto de Congonhas
O ex-presidente Luiz Inácio da Lula depôs na manhã desta sexta-feira (4) por cerca de três horas no escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, zona sul da capital paulista. Segundo o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), as declarações foram prestadas para dois procuradores na presença de três advogados, entre eles Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins.
Publicado 04/03/2016 13:52

Segundo o deputado, foram abordados diversos assuntos, como as palestras que o ex-presidente concedeu após deixar o Palácio do Planalto, e a ligação com um sítio em Atibaia, interior paulista. Também foram alvo de questionamentos, segundo Teixeira, a relação de Lula com o apartamento triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e os bens que Lula recebeu nos dois mandatos na Presidência do país, que devem ser mantidos por ele como acervo histórico. “[O depoimento] foi tranquilo em relação ao fato de que ele não deve nada, não tem nenhum problema de ordem jurídica”, destacou o parlamentar.
Lula, no entanto, protestou contra a forma com que foi levado para dar esclarecimentos. O ex-presidente foi trazido de sua casa, em São Bernardo do Campo, na região do Grande ABC, sob um mandado de condução coercitiva. “Ele registrou que já atendeu a inúmeras intimações da Polícia Federal e do Ministério Público, que passam de dez, e, portanto, não precisava dessa violência”, contou Teixeira.
“Essa operação hoje não tinha sentido jurídico. Bastasse um ofício, que ele compareceria. Ele já compareceu na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, inúmeras vezes”, acrescentou o deputado em crítica à operação de hoje.
O delegado Igor de Paula, da Polícia Federal, esclareceu que o pedido de condução coercitiva para Lula foi expedido pelo juiz Sérgio Moro, mas afirmou que não há pedido de prisão para Lula e para ex-primeira-dama Marisa Letícia.
A Polícia Federal também encerrou a busca e apreensão no apartamento de Lula. O imóvel, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, também foi alvo de mandado de busca e apreensão na 24ª fase da Operação Lava Jato.
Comunicação do governo
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, classificou como “exagero” a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depoimento na Polícia Federal, em São Paulo.
“Não haveria a necessidade da coerção. O ex-presidente sempre se colocou à disposição para prestar esclarecimentos e colaborar com a Justiça, prestando diversos depoimentos”, afirmou o ministro, em sua conta no Twitter.
Nota do PT
Em nota oficial, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, alerta para escalada golpista e reafirma pedido para mobilização permanente da militância em defesa da democracia. “A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa um ataque à democracia e à Constituição. Trata-se de novo e indigno capítulo na escalada golpista que busca desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff, criminalizar o Partido dos Trabalhadores e combater o principal líder do povo brasileiro”, diz a mensagem.
Após depor, Lula foi para sede nacional do PT
O ex-presidente Lula chegou pouco depois das 13 horas na sede do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), no centro de São Paulo.
No momento da chegada do carro, centenas de militantes já haviam se reunido em frente ao prédio com palavras de ordem de apoio e solidariedade ao ex-presidente.