“Eu Acho é Pouco”, primeiro contra a ditadura, agora contra o golpe

O bloco carnavalesco Eu Acho é Pouco foi fundado em 1977, em Pernambuco, a partir da iniciativa de amigos que, além de curtir a folia do Carnaval, acreditavam no poder de mobilização cultural para resistir à ditadura, que na época estava em seu ponto mais crítico. Diante do cenário político atual, onde a democracia está gravemente ameaçada, o bloco viu a necessidade de se posicionar uma vez mais e reafirmar seus princípios, em defesa da legalidade e contra o golpe.

Bloco Eu Acho é Pouco - Divulgação / Eu Acho é Pouco

“Eu Acho é Pouco” lançou um manifesto onde rechaça as investidas golpistas da oposição e defende o mandato da presidenta Dilma, eleita em urna em 2014. O bloco vai participar da manifestação em defesa da democracia, realizada nesta sexta-feira (18) em todo o Brasil.

Leia o manifesto na íntegra:

O ‪#‎EuAchoéPouco‬ foi fundado em 1977. O Brasil vivia nas trevas de um regime ditatorial comandado pelas Forças Armadas. O último presidente fardado só sairia do poder em 1985 – substituído por um civil que não havia sido eleito pelo voto do povo.

Votar para presidente, naquela época, era o sonho e o clamor maior do movimento das Diretas Já. E de todos que faziam o “Eu Acho é Pouco”. Desde sempre, portanto, o bloco milita no campo da liberdade e da democracia.

Neste momento atual, o país assiste à tentativa de derrubar um governo de esquerda legitimamente eleito no pleito de 2014 – um governo que, dando continuidade aos avanços e conquistas sociais obtidos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, batalhou para diminuir a desigualdade e as contradições que desde sempre marcaram a nossa pátria.

A distorção de informações e a manipulação dos meios de comunicação; o desmonte das estruturas, a instrumentalização da Justiça brasileira e por conseguinte o rompimento do Estado Democrático de Direito; e a subserviência a interesses alheios à nação são ferramentas usadas nesse irresponsável atentado à democracia brasileira.

Há necessidade de mudanças? Sim. O Brasil precisa de uma reforma política? Sim. Há objeções à atual gestão? Sim. Podemos ecoar as nossas insatisfações? Sim. Numa democracia, há espaço e liberdade para questionamentos.

O “Eu Acho é Pouco”, por exemplo, nunca se furtou a fazê-lo – externa e internamente. Todas as deliberações do bloco são precedidas de ponderações e debates. Opiniões e posições individuais permanecem ou mudam, mas são sempre salvaguardadas. Para nós, uma autocrítica é fundamental antes de se tecer qualquer crítica.

Entendemos que falta autocrítica aos que pretendem tirar a presidenta Dilma Rousseff do posto ao qual foi conduzida pelos votos de mais de 54 milhões de brasileiros.

Porque, por mais críticas que se possa fazer à sua conduta, não é a destituição de um governo democrático que salvará ou fortalecerá a nossa nação. A saída da presidenta Dilma não é a solução. Muito pelo contrário: a insistência nessa via, por si só, já é indicativo de que tempos obscuros e tenebrosos estão por vir.

Em jogo, mais uma vez, está o futuro do Brasil.

Numa repetição equivocada da História, 2016 simula 1964: mais uma vez a um governante eleito – a primeira mulher a presidir o país – tentam roubar-lhe o cargo.

Mais uma vez, portanto, o “Eu Acho é Pouco” se posiciona no lugar que ocupa há quarenta Carnavais: a favor da democracia brasileira.

‪#‎SimàDemocracia‬
‪#‎NãoAoGolpe‬
‪#‎NãoVaiTerGolpe‬