Pedido de intervenção é "lamentável", diz comandante do Exército

O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, classificou como "lamentável" o clamor por intervenção militar de manifestantes que pedem a saída da presidenta Dilma Rousseff. A declaração foi durante participação em um simpósio jurídico realizado no Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, nesta sexta-feira (18).

General Villas Boas -Manaus-durante-presidente-STF - Luiz Vasconcelos/Arquivo AC

"Eu acho lamentável que, num país democrático como o Brasil, as pessoas só encontrem nas Forças Armadas uma possibilidade de solução da crise, mas isto não é extensivo nem generalizado e, felizmente, está diminuindo bastante a demanda por intervenção militar", declarou o general, segundo o jornal A Crítica.

Diferentemente do que os colunistas de O Globo, Ricardo Noblat e Merval Pereira, andaram dizendo, o general afirmou que a rotina dentro da instituição não se alterou. "Os quarteis estão prosseguindo naturalmente nas suas atividades", disse ele. Pedindo uma intervenção, os colunistas insinuaram que já havia uma movimentação das tropas com este fim.

"O Exército está profundamente empenhado em contribuir para a manutenção da estabilidade", explicou.

Para ele, a atual crise é de natureza política, econômica e ética. "Os três aspectos se interrelacionam e, em consequência, é uma crise para ser solucionada dentro desses ambientes, principalmente o ambiente político e jurídico", concluiu a autoridade militar.

Para o general Villas Bôas, a situação política e social atual não se relaciona com o clima instável que levou ao regime ditatorial militar na década de 60.

"Não há paralelo com 1964, primeiro porque hoje nós não temos o fator ideológico. Naquela época, nós vivíamos a situação de Guerra Fria e a sociedade brasileira cometeu o erro de permitir que a linha de fratura da Guerra Fria [a] dividisse. Isso não existe mais. O segundo aspecto é que hoje o Brasil tem instituições sólidas e amadurecidas, com capacidade de encontrar os caminhos para a saída dessa crise", afirmou.

Para o general, a atual crise é de natureza política, econômica e ética. "Os três aspectos se interrelacionam e, em consequência, é uma crise para ser solucionada dentro desses ambientes, principalmente o ambiente político e jurídico", completou.