Comunistas e amigos cearenses vão à praça comemorar 94 anos do PCdoB

Se lugar do povo é na rua, é lá também que comemoramos. O sábado (19/03) foi de encontros, sorrisos, festa e a confirmação de que a luta é árdua, mas os comunistas continuam firmes na defesa do país e da democracia.

Comunistas e amigos cearenses vão à praça comemorar 94 anos do PCdoB

O PCdoB, partido mais antigo do país, fará no próximo dia 25 de março 94 anos de existência. Como a data coincide com o feriado da Semana Santa, a festa foi antecipada para outro dia importante para os cearenses: 19 de março é dia de São José, padroeiro do Ceará, que traz com ele a esperança de chuva e bom inverno.

Reunidos numa das principais e mais simbólicas praças de Fortaleza, militantes, filiados, parlamentares, dirigentes, representantes de partidos aliados e amigos comemoraram os 94 anos do PCdoB. O partido de passado, presente e futuro, plural e amplo, reuniu crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres que, entusiasmados, reafirmaram o compromisso com a defesa da democracia e do país. Teve música, capoeira, lazer para crianças, comidas típicas e muita alegria, do jeito que o cearense gosta.

Após a vitoriosa manifestação contra o golpe realizada na última sexta-feira (18/03), em Fortaleza, que reuniu milhares de pessoas no centro da capital cearense, o sentimento foi de renovação de forças e união diante do quadro delicado pelo qual o país vive.

Partido de história

E por ser o partido mais antigo do país, o PCdoB tem sido protagonista de boa parte dessa história do Brasil. Luis Carlos Paes, presidente estadual do Partido no Ceará, citou acontecimentos históricos para enaltecer a quase centenária legenda. “A nossa história, desde 25 de março de 1922, está muito ligada com a defesa dos interesses econômicos, sociais e políticos do nosso povo e de todos aqueles que sonham com um país mais progressista, mais desenvolvido e mais justo. Estes aspectos marcam a nossa trajetória. Outra questão muito cara para nós é a defesa da liberdade e da democracia. Nessas nove décadas de existência, vivemos mais de 60 anos em perseguição, com o Partido na ilegalidade, muitas vezes com dirigentes e militantes perseguidos, presos, torturados e até assassinados. Nosso terceiro pilar é a defesa da nacionalidade, da soberania nacional, da nossa cultura, da nossa história e do nosso imenso patrimônio cultural”, ratifica.

O dirigente ressalta que o PCdoB sempre foi o Partido da bandeira brasileira. “Temos a bandeira vermelha com a foice e o martelo que representa a união dos trabalhadores da cidade e do campo, juntos pelo progresso e pela justiça. Mas também defendemos a bandeira verde e amarela, da nossa pátria, e as duas andam sempre juntas”.

Cenário atual

Transportando para o momento atual, avalia Luis Carlos Paes, nos últimos 13 anos, entre erros e acertos, do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, “os acertos foram muito maiores”. “Fruto desses 13 anos, o Brasil avançou, houve melhor distribuição de renda no país, o povo mais pobre melhorou de vida com a valorização do salário mínimo, além dos programas sociais que beneficiaram milhares de pessoas”. O dirigente citou os programas na área da educação, como a criação de novas universidades federais, o Prouni e o Fies, para exemplificar as conquistas populares.

Sobre o momento delicado pelo qual o país passa, o comunista alerta sobre a onda golpista que está em curso. “Eles querem prejudicar o governo não porque são contra a corrupção, que passou a ser uma nuvem de fumaça para enganar o povo. Na realidade o que eles querem é acabar com a política de valorização do salário mínimo, com os programas sociais, entregar nossa grande riqueza que é o petróleo e implementar a velha política neoliberal para privilegiar os interesses dos grandes grupos econômicos internacionais. Nós nos levantamos contra isso, repudiamos a tentativa de golpe que está em curso no Brasil, onde juízes aliados a procuradores e policiais federais não respeitam a Constituição. Em qualquer democracia do mundo, esse tipo de atitude é passível de punição severa, inclusive prisão. O que vemos é um conluiou de segmentos do estado brasileiro,tudo isso com a Rede Globo por trás, império das comunicações no Brasil que apoiou o Golpe Militar em 1964, que tentou impedir a vitória eleitoral em 1982 de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, que forjou um candidato à Presidência da República em 1989, como o ‘Caçador de Marajás’ sempre com a velha conversa de combate à corrupção. E agora querem de todo jeito, depois de serem derrotados nas urnas, garantir o poder pela via do ‘tapetão’”, critica.

Diante de toda essa cena, Luis Carlos Paes enaltece as forças progressistas que, unidas, estão na linha de frente para combater o avanço do golpe. “Não vamos aceitar isso. O nosso partido, junto com demais forças democráticas, está indo às ruas em todo o Brasil. A nossa bancada trava uma luta heróica no Congresso Nacional. Precisamos encontrar uma saída que fortaleça a democracia e que se crie um clima de estabilidade política. O problema é que uma parcela da elite econômica nacional que não aceita. Disseminaram um clima de ódio, tentando dividir a sociedade ao meio, criando condições inclusive para o surgimento de grupos de teor fascista, neonazistas, provocadores. Mas o povo brasileiro está começando a perceber”, avalia.

Sobre as manifestações da última sexta-feira, realizadas em todo o país, o dirigente considera que foi um dia histórico. “Foi um marco onde milhares de pessoas foram às ruas, com o povo confiante e animado. A partir dessas manifestações vamos trilhar um caminho de mais mobilizações e certamente impediremos a escalada golpista. Hoje estamos reunidos ao mesmo tempo em que comemoramos nossos 94 anos para reforçar a luta em defesa do mandato legitimo da presidenta Dilma, a luta para melhorar as condições do país para que o povo tenha uma vida mais digna, a defesa da democracia e o repúdio a qualquer tentativa de golpe”.

Passado e futuro

José Rubens Sales Bastos, militante comunista histórico, comemora o quase centenário Partido. Sua trajetória de vida se confunde com parte da história do PCdoB pois, dos 94 anos de fundação da legenda, em 55 deles Rubão esteve presente. “O Partido tem história de luta em defesa do Brasil, da democracia, da liberdade, contra o imperialismo e as elites que durante mais de 500 anos não olharam para o povo, com raríssimas exceções, mas sempre estiveram a serviço dos grupos internacionais e da elite dando as costas para a população. Diante disso, o PCdoB sempre esteve à frente das batalhas em defesa do nosso povo, da economia e do patrimônio brasileiro. Esta é a mesma luta que o Partido tem até hoje: a busca de uma sociedade onde o povo tenha vez e voz”.

O filho de comunista teve a vida conduzida pelos ensinamentos do Partido. “A minha vida sempre foi em contato com os comunistas, com o pai, um tio e colegas de trabalho, até que entrei oficialmente no PCdoB em 1961. Cheguei a ser preso político, sequestrado pelo Exército, condenado a 2 anos de prisão e absolvido só depois de cumprir a pena. Coloquei sempre o PCdoB acima de qualquer interesse pessoal ou mesmo familiar. Essa é a minha luta e não me arrependo”, ratifica.

E onde tem PCdoB tem juventude. Para a presidente estadual da UNE no Ceará, Germana Amaral, o período requer atenção. “Chegamos aos 94 anos do Partido com muita história pra contar de períodos muito parecidos com o que estamos passando. O PCdoB tem a missão de trazer a história e a luta política para comparar com esses momentos. Para isso a nossa juventude tem papel muito importante, pois sSomos uma juventude de vanguarda, que está nas massas, junto do povo, que tem a responsabilidade de revigorar, trazer ânimo e fôlego para continuarmos lutando diante de todos esses desafios”.

Germana considera o PCdoB peça fundamental em sua formação. “Fazemos parte de um Partido de coração livres e de jovens que ainda sonham com dias melhores. Meu recado é de agradecimento por o PCdoB fazer parte da minha militância e me orientar politicamente. Deixo aqui ainda um chamado aos jovens que se interessam por política para se aproximem do PCdoB para, juntos e organizados, reforçarmos a luta pela democracia e pelas causas mais justas e cara da nossa juventude e do nosso povo”.