Não se constrói a democracia com ilegalidade, diz ex-presidente da OAB

"O meu partido é a Constituição e, por força dela, o Estado Democrático de Direito”, afirmou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, por meio das redes sociais, para manifestar seu rechaço às manobras golpistas.

Cezar Britto

“Não irei tatuar em minha História ter colaborado com a ascensão do autoritarismo. Prefiro estar ao lado de Sobral Pinto, quando, enfrentando a ditadura Vargas, defendeu Prestes, ainda que discordando de seu partido e da sua ideologia. Defendia ele a Justiça”, salientou o advogado.

Quando presidente da OAB nacional, Britto lançou a campanha “Eleições Limpas”, nas quais a OAB, juntamente com a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos) foi autora do projeto de iniciativa popular que garantiu a aprovação da Lei Ficha Limpa, que proibiu a candidatura de corruptos nas eleições.

“Não posso negar a missão a me atribuída pelo art. 133, ainda que tal dever possa desagradar autoridades ou parecer impopular perante a opinião pública”, disse ele.

E completa: “Não se constrói a democracia com a prática de ilegalidade, mesmo quando ela ajude o querer de alguns. Não defendo o Estado Democrático de Direito pela metade ou apenas quando seus princípios me agradam. As togas também devem vestir a roupa da Constituição".

“Rui Barbosa, acertadamente, lembrando François Guizot, advertiu que quando a política entra nos tribunais, a Justiça sai pelas portas do fundo. A sua lição continua atual, pois o Brasil não pode repetir o tenebroso 1964. Afinal, como disse Ulysses Guimarães, no histórico 5 de novembro de 1988, podemos discordar da Constituição, jamais rasgar o seu espírito”, concluiu.