Com Selic nas alturas, Brasil gasta 9,1% do PIB com juros

Os gastos com juros do setor público atingiram R$ 540 bilhões nos 12 meses até janeiro, o equivalente a 9,1% do PIB. No ano anterior, o percentual gasto com juros foi de 5,5% do PIB. As despesas financeiras foram infladas especialmente pela elevada taxa de juros, pelo aumento da inflação e pela desvalorização do câmbio.

Juros bancários

Um dos fatores responsáveis por elevar o montante dispendido com juros é a alta da taxa Selic, que aumentou de 11,75% no fim de 2014 para 14,25% ao ano em julho de 2015, patamar em que se encontra atualmente. Isso impactou os gastos com juros, assim como o aumento da inflação, que corrige hoje uma parte significativa da dívida pública federal – algo próximo a um terço dela.

Entre os argumentos daqueles que defendem que o Banco Central precisa baixar a Selic está justamente o alto custo que a taxa de juros nas alturas acarreta aos cofres públicos. Isso porque a Selic é usada para calcular a remuneração sobre os títulos da dívida pública.

A emissão de títulos de dívida pública é uma das formas usadas pelo governo para captar recursos e financiar suas atividades. Funciona como um empréstimo pelo qual o credor recebe o valor emprestado acrescido de juros, calculados de acordo com a variação da Selic. Quanto maior é a taxa, maior será, portanto, a dívida pública, ou seja, o montante a ser pago pelo governo.

Na comparação internacional, os gastos com juros do Brasil superam em muito o de outros emergentes. Na Índia e na África do Sul, que têm despesas financeiras mais elevadas que vários outros integrantes desse grupo de países, os dispêndios em 2015 foram de 4,4% do PIB e 3,1% do PIB, pela ordem (ver tabela). No Chile, ficaram em 0,6% do PIB.

Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que a dívida bruta dos emergentes em 2015 ficou em média em 44,6% do PIB, enquanto a do Brasil fechou em 66,2% do PIB