Panorama eleitoral incerto nos Estados Unidos

Depois de realizadas mais da metade das eleições primárias estadunidenses, há um panorama incerto, enquanto crescem as expectativas sobre quais candidatos se enfrentarão em novembro e se entre os republicanos haverá uma opção independente.

Trump

A campanha nas filas do chamado Grand Old Party (GOP), o Partido Republicano, torna-se cada vez mais visceral com ataques pessoais entre o multimilionário nova-iorquino Donald Trump e seu mais próximo rival, o senador pelo Texas Ted Cruz, ao mesmo tempo que cresce a indecisão entre os votantes sobre por quem votar na disputa pela presidência.

A chamada lavagem de roupa suja é protagonista nos meios há uma semana com o envolvimento das companheiras de ambos políticos, mas ambos lados negam envolvimento com esses ataques.

Uma imagem de uma ex-esposa de Trump posando nua para a revista GQ enfureceu o magnata, quem acusou seu rival de estar por trás dessa ação promovida por um dos chamados Super PAC, com o qual Ted Cruz afirma não ter vínculos.

Nesta sexta-feira, Cruz acusou o magnata de plantar uma história no jornal National Enquirer alegando que o legislador teve múltiplas relações extra-conjugais.

Esse ambiente esquenta os ânimos na disputa, na qual o governador de Ohio, John Kasich, se mantém como um convidado sem voz.

Outro elemento que também chama a atenção é a insatisfação do bilionário ao observar como, apesar de ganhar a eleição em Luisiana, seu rival pode terminar com mais delegados.

Cruz obteria 10 delegados a mais em Louisiana que Trump, segundo The Wall Street Journal, cinco entregues ao senador Marco Rubio e outros mais que podem ser classificados como superdelegados, que não são escolhidos pelo voto popular.

É uma vergonha que ganhei esse estado e agora escuto que tentam me roubar os delegados, disse Trump, em referência a Cruz.

A luta no campo do partido vermelho se torna tão controversa quanto o candidato favorito nas pesquisas, onde ganha mais força a imagem de uma convenção caótica e se confundem opções que colocam em dúvida os planos de retomar a Casa Branca.

Se Trump ganha a disputa para a candidatura republicana, já se especula sobre a possibilidade de outra figura partidária concorrer como uma terceira via e não há que descartar que o chamado showman faça o mesmo se perder, especialmente porque se sente maltratado pela elite partidária.

Supondo que Trump ganhe a disputa e seja o candidato, outro candidato independente contra ele terá um caminho difícil adiante, já que deve convencer os eleitores da viabilidade de sua proposta além de superar o desafio de obter suficientes votos do Colégio Eleitoral, que elegerá o 45 presidente do país entre um republicano e um democrata.

A opção de outra candidatura impõe ao interessado a obrigação de obter 270 dos 538 possíveis votos eleitorais necessários para ganhar a Casa Branca, desafio que também enfrentarão os candidatos democratas e republicanos.

Para a jogada de uma terceira opção, fala-se do senador Ben Sasse (R-Nebraska) e do ex-governador do Texas Rick Perry, mas ambos negam estar interessados.

Até agora há uma forte campanha para evitar que o político e empresário nova-iorquino ganhe os 1.237 delegados necessários para a nomeação automática ainda que, nas reuniões dos insatisfeitos, já se fala de um terceiro candidato do partido nas eleições gerais.

Não obstante, nem todos apoiam essa possibilidade e alguns propõem que roubar o direito de Trump não ajudará o partido, inclusive, alertam que essa ação será funesta para o futuro da organização.

Outro cenário provável é que uma terceira figura impeça que um republicano ou um democrata obtenham os 270 votos necessários em novembro, o que obrigaria a nova Câmara de Representantes, em janeiro de 2017, a se pronunciar pelo novo mandatário, algo inédito na história moderna do país.

Estes são alguns dos cenários que tornam cada vez mais incerto o atual processo eleitoral nos Estados Unidos, ainda que falte um bom caminho por percorrer aos pretendentes até as convenções republicanas e democrata em julho deste ano.