Jaques Wagner: Temer patrocina abertamente o golpe dissimulado

Após a divulgação do áudio em que o vice-presidente Michel Temer supostamente faz o ensaio do discurso do golpe, antecipando a votação da Comissão que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ministros reagiram ao golpismo. O ministro-chefe do gabinete da da Presidência da República, Jaques Wagner, disse que o vice deveria renunciar.

Jaques Wagner

“Com a gravação revelada hoje [segunda, 11] fica claro que, sem qualquer cerimônia, o vice se esquece do seu papel institucional, despreza a liturgia do cargo e patrocina abertamente o golpe dissimulado. Só que nenhum golpe poderá produzir uma União Nacional porque afronta a democracia”, afirmou Wagner, por meio de nota.

Em entrevista coletiva, reafirmou a sua posição ao classificar o áudio como uma demonstração da "conspiração" do peemedebista contra o mandato da presidenta Dilma e, portanto, derrotado o impeachment ele deveria renunciar.

“Uma vez derrotada a conspiração, ele [deveria] renunciar porque vai ficar um clima absolutamente insustentável”, disse o ministro, reforçando que não seria possível manter uma relação educada com seu vice porque Temer é um "conspirador".

“Não há educação para conspiradores. Eles não têm código de ética. Na minha opinião, não respeita código de ética e de procedimento alguém que, à luz do dia, sem nenhuma reserva, conspira desse jeito. Imagino que ele possa ter feito a declaração [gravada no áudio] vestido de uma faixa presidencial em frente ao espelho”, rebateu.

O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse estar “estupefato” com o vazamento do áudio e afirma que Temer admitiu que está disputando uma eleição indireta.

“Ele está confundindo a apuração de eventual crime de responsabilidade da presidenta Dilma com eleição indireta. Está disputando votos”, afirmou.

E completa: “Esse áudio demonstra as características golpistas do vice”, afirma Berzoini. “Transformou o processo numa eleição indireta para conseguir votos em favor do impeachment”.