Temer promete o que não tem e "sinalizações" viram desconfiança

A ânsia em dar um golpe contra a democracia, está levando o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) a prometer o que não tem para tentar garantir os votos pró-impeachment. Após vazar o seu discurso de promessas ao mercado, como se já estivesse sentado na cadeira presidencial, Temer não escondeu que abriu o balcão de negócios. No Palácio do Jaburu, o entra a sai foi intenso.

Por Dayane Santos

Serra e Temer

A presidenta Dilma, durante ato na terça-feira (12), lembrou que desde a saída da legenda do governo, a imprensa e lideranças da oposição, inclusive do PMDB acusavam o seu governo de “usar expedientes escusos para recompor a base de apoio do governo”.

“Me julgando pelo seu espelho, pois são eles que usam tais métodos. Caluniam enquanto leiloam posições no gabinete do golpe, no governo dos sem voto”, denunciou Dilma.

Na mídia, Temer concede entrevistas apresentando suas propostas de governo e seus interlocutores fazem o mesmo. Mas, assim como a carta mimimi e o áudio vazado, a repercussão de suas “sinalizações” ao mercado não estão agradando como ele esperava.

Segundo matéria publicada pelo Brasil 247, entre os principais pontos de um eventual governo Temer, que estão nos jornais, está a promessa acordada com o PSDB de reduzir o número de ministérios de 31 para 17.

Isso significa que, além de afrontar a Constituição ao conspirar contra o mandato da presidente, Temer também não respeita uma regra básica dos negócios: a lei da oferta e procura. Está oferecendo cargos, mas ao mesmo tempo promete reduzir 14 ministérios.

Destes 17, Temer já teria nomeado alguns golpistas: senador tucano José Serra (PSDB-SP) na Saúde e Armínio Fraga na Fazenda; Ronaldo Caiado (DEM-GO) na Agricultura e o deputado José Carlos Aleluia (BA), em Minas e Energia. Fazendo as contas sobrariam doze cadeiras.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada dia 21 de março, o tucano Serra disse que condicionou o apoio ao governo Temer a uma série de compromissos com a oposição, entre os quais, o de não concorrer à reeleição e não interferir nas disputas municipais.

Parlamentares já estão desconfiados que Temer abandonou o governo acreditando que estava com o queijo, mas trata-se apenas de uma pequena fatia presa numa ratoeira.

O resultado dessa desconfiança pode ter refletido diretamente na mudança da ordem de votação do impeachment. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou atrás na decisão anunciada nesta quarta-feira (13) sobre a ordem de votação do impeachment e informou, nesta quinta (15), que a chamada para voto no processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff começará com deputados do Norte e será feita com alternância entre parlamentares do Norte e do Sul.

Antes Cunha havia decidido que a votação começaria por deputados do Sul e parlamentares do Nordeste e do Norte seriam os últimos. Coincidência ou não, o jogo de cartas marcadas dos golpistas demonstra ser uma verdadeira barca furada.