Apoio ao governo na capital

Esperança. Este foi o sentimento dos manifestantes que saíram às ruas de Florianópolis nesta sexta-feira sobre a votação do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff neste domingo. “Este governo foi o único que olhou para os excluídos deste país, hoje em dia o negro não serve só cafezinho, ele está na universidade, escritórios, é cidadão”, desabafou João Luiz de Oliveira.

Por volta das 16h, ainda sob o sol forte, as primeiras bandeiras vermelhas começaram a ocupar o espaço entre o Camelódromo Central e o Ticen. Às 19h, a multidão tomava conta da avenida Paulo Fontes, que teve o trânsito interditado no sentido Beira-Mar Norte para realização do ato.

Prouni, Bolsa-Família, Fies e os números da ONU que pontam redução da pobreza em 65% durante os governos do PT foram repetidas pelas lideranças presentes na manifestação. Mas não eram apenas as bandeiras do PT que estiveram em questão: “Eu não sou petista e muita gente que está aqui também não é. Eu sou político e sei que os deputados estão votando o processo de impeachment por conveniência. Boa parte deles tem plena convicção que a Dilma é mais honesta que eles", declarou o ex-deputado do Psol Amauri Soares. Segundo o deputado, que é membro da Intersindical, o projeto da oposição é acabar com o PT, “encerrar a Lava Jato e precarizar a vida dos trabalhadores”.

Gabriel Kazapi é um dos advogados que assinaram o manifesto com mais de 200 assinaturas de juristas, advogados e professores contra o posicionamento da OAB em apoiar o impeachment. “Em novembro o conselho da ordem analisou o caso e aprovou que não haveria subsídios para apoiar um impeachment. Agora, de maneira unilateral, sem consultar os conselhos e os advogados, a OAB entendeu que deveria se manifestar politicamente e passou a apoiar o impeachment. Não podemos aceitar este tipo de posicionamento”, declarou. As estimativas de público da organização e Polícia Militar divergiram em 100%. Enquanto os organizadores apontavam a presença de 3.000 no ponto alto da manifestação, a PM indicou apenas 1.500. O ato encerrou por volta das 20h com Hino Nacional e música.

Independente do resultado PT se reúne na segunda-feira

“Estamos convocando uma reunião para segunda-feira, independente de passar o impeachment ou não na Câmara teremos uma pauta a discutir”, afirmou o presidente estadual do PT, Claudio Vignatti. Para o ex-deputado federal, se o impeachment for aprovado, o partido teria subsídios suficientes para ingressar com ação na Justiça contra os autores. “Se eles estão negociando o fim da Lava Jato, o financiamento de campanha privado, entre outras pautas deles, isso prova que o impeachment foi negociado”, disse.

Primeiro ministro da Pesca, ainda no governo Lula, José Fritsch pediu cautela aos que acompanham as próximas horas até o encerramento da votação na Câmara dos Deputados. “Eles estão anunciando o tempo todo que está ganho, mas fazem manobras e conchavos todos os dias”, afirmou, apontando manobras para ordem de votação e as orientações dos partidos que prometem punição aos que não acompanharão as deliberações partidárias. “O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), disse que votará contra, isso mostra que eles não têm a vitória nas mãos”, finalizou Fritsch.

Matéria do repórter Fábio Bispo, publicada no jornal Notícias do Dia de sábado, 16 de abril de 2016. Leia aqui