PCdoB-CE reforça luta contra o golpe e debate projeto eleitoral

A terceira reunião ordinária do Comitê Estadual do PCdoB-CE, realizada neste sábado (16/04), em Fortaleza, ratificou a luta do Partido, da direção, da militância e de todos os defensores da democracia contra o golpe. Às vésperas da votação decisiva na Câmara dos Deputados, que decidirá sobre o encaminhamento do impeachment da presidenta Dilma, os comunistas cearenses se reuniram para reforçar o compromisso com a defesa da democracia.

PCdoB-CE reforça luta contra o golpe e debate projeto eleitoral

Os membros do Comitê Estadual também debateram o projeto eleitoral para 2016 e assistiram à intervenção de Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), membro do Comitê Central, sobre o papel dos quadros comunistas na luta em defesa da democracia e na disputa eleitoral.

Luís Carlos Paes de Castro, presidente do PCdoB-CE, iniciou a reunião destacando a relevância do encontro do Comitê Estadual, já previamente agendado, mas dentro de uma “efervescência, com grande mobilização política e agenda movimentada”. “Apesar de algumas ausências, devido à participação de nossos quadros em outras importantes atividades, estamos aqui também para sair com mais energia para os enfrentamentos que se avizinham”.

Paes avalia que este momento tem sido marcado por muita dinâmica, intensa luta política e guerra de informação e contra-informação, “que também fazem parte do processo, pois tencionam, tentam influenciar, confundir e desarmar politicamente o adversário”.

O dirigente comunista reforça que o principal desafio do PCdoB, da esquerda e de todos os que defendem a democracia é “fazer a resistência e impedir o golpe”. “E há expressiva condição de sairmos vitoriosos, principalmente após as últimas semanas, com as grandes movimentações populares em defesa da democracia, contra os ataques à Constituição, além das perspectivas sombrias no caso de derrota, com um governo liderado por Michel Temer e Eduardo Cunha. Isso contamina a opinião pública”, considera.

Paes citou o apoio contra o golpe de inúmeras categorias, como a dos artistas, intelectuais, militantes do Direito, jornalistas, médicos, professores, estudantes, além de governadores, de brasileiros que moram no exterior e até de órgãos internacionais que se posicionaram contra o golpe, dentre eles a OEA e a imprensa internacional. “Eu diria que é uma onda favorável, apesar da força do consórcio golpista que reúne segmentos do Ministério Público, do Judiciário, da Polícia Federal, de partidos da oposição, do grupo Globo e de uma parcela do empresariado”.

Em Fortaleza, reforça o dirigente, a partir deste sábado (16) até o encerramento da votação, no domingo (17), o ponto de encontro de todos aqueles que lutam a favor da democracia será na Avenida da Universidade, local de tradição e história dos movimentos de esquerda. “O PCdoB e nossa militância também estará lá. Convocamos todos e todas para permanecermos juntos até se encerrarem os votos”.

O dirigente questiona, porém, como será após a votação. “A oposição certamente não vai dar tréguas e continuará com a ação desestabilizadora do governo. Por isso precisamos permanecer mobilizados e continuar na luta”. Ele ressalta que ainda há outros pedidos de impeachment contra Dilma, além da ação no TSE que solicita a impugnação da chapa eleita em 2014 e ainda outra alternativa, que seria encurtar o atual mandato e convocar novas eleições. “O jogo não estará encerrado, mas vai continuar sendo jogado”, projeta. Para Paes, será papel do PCdoB na nova fase contribuir com a “engenharia política para garantir a repactuação e o diálogo entre todas as forças do país. Nossa avaliação é de que a esquerda também aprendeu muito com todo este cenário”.

O presidente do PCdoB-CE reforça que a mobilização popular deve continuar forte para garantir a retomada do crescimento do país com uma agenda política positiva e propositiva. “Será preciso reconstruir o Governo, abrir interlocução com a sociedade e sinalizar mudanças com medidas de emergência a serem tomadas no ponto de vista da recuperação econômica, com a transição de uma agenda baseada em ajuste fiscal, cortes e juros elevados para uma outra que sinalize o crescimento econômico e a geração de empregos”.

Projeto eleitoral

Sobre o projeto eleitoral, Luís Carlos Paes considera que é necessário derrotar a direita em todo o Brasil, através de alianças amplas. Segundo o dirigente comunista, já surgem sinalizações positivas de chapas unificadas em várias cidades do país, inclusive em expressivas capitais. “Nessa disputa, nosso projeto é lançar candidaturas nas cidades acima de 100 mil habitantes”, informa.

Paes informa que, nas capitais, a princípio, o partido ia lançar poucos candidatos, mas as circunstâncias políticas colocaram as lideranças comunistas como protagonistas da atual luta democrática e contra o golpe e a “consequência disso é que em muitas capitais o partido poderá ter essas lideranças apoiada por ampla frente de esquerda e forças democráticas”. Paes projeta que, até Julho deste ano, o projeto eleitoral do PCdoB poderá sair ainda mais fortalecido. “Deveremos concorrer e o partido ser protagonista com grandes lideranças nas disputas. Ganhar ou não faz parte do jogo, mas a verdade é que hoje vivemos outra realidade política e outra circunstância”.

No geral, encerrada a temporada para filiações e desfiliações, Luís Carlos considera que o PCdoB teve “perdas e ganhos”. “No Ceará, perdemos alguns nomes, mas filiamos mais pessoas nos últimos 30 dias, inclusive parlamentares. No balanço, mais ganhamos do que perdemos”, contabiliza. Agregaram-se aos quadros comunistas cearenses lideranças políticas vindas de partidos como o PT, PSB, PDT, dentre outras legendas. “Nosso objetivo para as próximas eleições é fortalecer o Partido, inclusive do ponto de vista ideológico e de formação, reforçando as articulações tanto no interior quanto na capital, com o intuito de potencializar candidaturas e ampliar nossa força nos municípios”, ratifica.

Quadros: força motriz do PCdoB

O coordenado do Departamento Nacional de Quadros do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, reforçou a importância dos quadros comunistas na luta em defesa da democracia e na disputa eleitoral deste ano; “Precisamos trabalhar em cima das necessidades concretas duas grandes batalhas do país: barrar o golpe e disputar as eleições municipais”.

Patinhas iniciou sua intervenção ratificando a importância dos estudos e da formação por todos os membros do partido, destacando a leitura dos documentos estruturantes do PCdoB: o Estatuto, aprovado no 11º Congresso, em 2005; o Programa Socialista e a Política de Quadros para a Contemporaneidade, os dois últimos apresentados e aprovados no 12º Congresso, em 2009.

Estruturado em dois mil municípios brasileiros, o PCdoB tem reforçado a política e a valorização dos quadros. “Trabalhamos com a real necessidade de quadros para enfrentar e luta política, que reforça claramente a luta de classes”, considera Patinhas. E dentro desta valorização, reforça Patinhas, está a necessidade de preparar uma nova geração de dirigentes. “Para isso, devemos nos empenhar na formação de um grande contingente de quadros nos Comitês Municiais e na rede de bases. Além disso, buscaremos agregar ainda mais lideranças das frentes dos movimentos sociais, institucional e na luta de ideias. É papel das direções estaduais ir construindo o partido com a convicção revolucionária, pois fazemos parte de um partido que não tem projeto individual, por isso a necessidade de acumular forças baseada no funcionamento coletivo partidário”.

Para o êxito da política de quadros, Patinhas considera necessário o esforço articulado dos diversos dirigentes e secretarias estaduais, como as de organização, de juventude, sindical, por exemplo, buscando a consolidação e a formação desses novos quadros.

Na campanha eleitoral de 2016, o membro do Comitê Central do PCdoB destaca a singularidade de uma intensa luta de classes e, por outro lado, de uma forte resistência contra a escalada golpista. “Diante de todo este cenário, já estamos em período de pré-campanha, que este ano se dará neste ambiente tensionado, com disputa nas cidades. Por isso a importância do fortalecimento dos comitês municipais e a criação de uma consciência coletiva nesses espaços. Eles serão os organismos responsáveis pela condução dessas campanhas, em parceria com os comitês auxiliares e as organizações de bases. Para isso é necessário o funcionamento coletivo do Partido em cada município”, ratifica.

Sobre ações efetivas para este momento de pré-campanha, Patinhas reforça a importância de se elaborar um calendário de atividades a serem realizadas até o dia 15 de agosto, data que começa oficialmente o período eleitoral. “Os Comitês Municipais poderão acionar a ajuda da secretaria de organização quanto à estrutura do partido, para reforçar, junto aos candidatos, as três pautas principais: a luta contra o golpe, a campanha eleitoral propriamente dita e a luta concreta do povo em cada cidade, em cada bairro”, defende.

De uma forma geral, Patinhas considera fundamental a luta para derrotar o golpismo, que terá o dia 17 de abril como marco e deverá entrar para história do país como “avanço ou retrocesso”. “Apesar deste cenário perigoso, o objetivo do PCdoB para 2016 é eleger mais prefeitos e vereadores, principalmente nas capitais e nas maiores cidades do país. Somos protagonistas nos movimentos sociais, nas bancadas federais, no parlamento, por isso devemos pensar em como levar esse protagonismo para os municípios”, desafia.

Para Patinhas, outro desafio se apresenta aos comunistas para este ano, além do fortalecimento dos comitês estaduais, da formação dos quadros e ainda do projeto eleitoral. “O partido precisa sair maior na batalha eleitoral, pois temos grande respeitabilidade e estamos nos projetando nacionalmente. Agora deveremos também debater com a sociedade, apresentar nossos projetos e reforçar o comprometimento da militância. Há espaço político e pauta para este debate, mas é preciso ter quadros convictos. Reforçamos que o PCdoB é o partido que tem a cara e a coragem do Brasil”.