Bolsonaro e o elogio ao torturador Ustra

“Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela família, pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do Coronel Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”, declarou Jair Bolsonaro (PP-RJ) na sessão de votação do impeachment da presidenta Dilma no domingo (17) em Brasília.

Bolsonaro é condenado na Justiça por ofensa à deputada

Poucos lembram, mas Bolsonaro ficou conhecido no Brasil ao revelar que explodiria banheiros de quartéis para depôr o então ministro da Defesa, General Leônidas Pires Gonçalves, durante o mandato presidencial de José Sarney.

Essa figura canhestra da política brasileira serviu de fonte para a revista Veja a partir do momento que foi preso por ter publicado uma carta protestando contra os soldos do exército. Isso foi em setembro do distante ano de 1987, quando a economia ia mal e Sarney era o presidente do país.

Em outubro, bateu com os dentes e confirmou o plano, ou melhor, o motim, que procurava provocar a derrubada de Gonçalves, que ele até chamava de racista. Logo ele, Bolsonaro.

O capitão e outros militares em conluio iriam explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis.

"A intenção era não machucar ninguém", disse para a atônita repórter de Veja que o procurou para saber de outro militar preso. O motim pretendia arranhar seriamente a autoridade do ministro com os atentados. A repórter teve conhecimento do plano a partir da esposa do oficial prisioneiro. Bolsonaro confirmara o plano e pediu segredo, mas a repórter Cassia Maria e a Veja acabaram publicando a notícia, já que se tratava de um ato terrorista.

E o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra? É um dos psicopatas usados pela Ditadura Militar para torturar aqueles que lutaram pela democracia nos anos de chumbo do regime. Tem menos humanidade que os cães utilizados pelo exército americano para torturar prisioneiros iraquianos da prisão de Abu Ghraib, em 2004.

Foi acusado por mais de 300 crimes. Era julgado por sequestro quando morreu de câncer, em outubro de 2015. Este crime é uma das modalidades que praticava e que a Lei de Anistia não o isentou de julgamento. Ustra foi chefe, entre 1970 e 1974, do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) do 2º Exército, órgão de repressão do regime ilegal instalado no Brasil na época. Foi reconhecido em 2008 pela Justiça do país como torturador empregado pela Ditadura.