“Deu um sorriso lindo”, diz baiana sobre reação de Dilma nos EUA
A baiana Bárbara Larissa foi uma das brasileiras que recepcionaram a presidenta Dilma Rousseff durante a visita dela a Nova Iorque, no Estados Unidos, para participar, na última sexta-feira (22), da cerimônia de assinatura de um acordo sobre mudanças climáticas da ONU. O ato foi preparado por brasileiros que moram na cidade, com o apoio de americanos, em frente a residência da representação do Brasil na ONU onde a presidenta esteve hospedada, para manifestar apoio.
Publicado 23/04/2016 14:43
Bárbara é natural de Salvador, na Bahia, e estuda e trabalha em enfermagem na cidade estadunidense. Quando soube da ida da presidenta, procurou saber detalhes sobre a viagem até descobrir o endereço do hotel. Junto com os outros brasileiros e novaiorquinos, levou “muitas flores, cartazes e mensagens de apoio” e cantou “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.
Confira a entrevista abaixo:
Como foi a recepção a Dilma?
A recepção de Dilma foi como esperávamos: super pacífica, organizada com gente do bem que estava ali para manifestar carinho, apoio e contra o golpe que está acontecendo no Brasil. A maioria era de brasileiros, mas também tivemos alguns apoios de cidadãos americanos. Eu convidei alguns amigos brasileiros e levei uma amiga minha novaiorquina que se solidarizou à causa. Chegamos um pouco mais cedo e nos organizamos ao redor do local onde iria se hospedar a presidenta. A imprensa ficou de um lado e nós do outro, mas na hora que ela chegou a segurança acabou organizando todos do mesmo lado para evitar acúmulo de pessoas por todos os lados. Os seguranças que estavam lá foram educados e davam instruções para que não obstruíssemos a passagem dos outros pedestres e moradores.
Como foi a reação da presidenta ao ser recepcionada por vocês?
Imagino que tenha sido uma viagem longa e cansativa para ela, além do estresse físico e emocional por causa dos acontecimentos e da fala do dia seguinte na ONU. Dilma saiu do carro já com um sorriso lindo e isso nos deixou muito felizes, o que nos deu mais fôlego para gritar o que tínhamos previamente ensaiado: “Dilma, guerreira, da pátria brasileira” e a recebemos com muitas flores, cartazes e mensagens de apoio, além de protestos em inglês e português, denunciando o golpe no Brasil e pedindo apoio também aos novaiorquinos.
Por que decidiu participar e como se organizou para isso?
Decidi participar porque vivemos mudanças sociais profundas no país desde 2002 para cá e acredito que mesmo com toda a dificuldade econômica, crise moral e uma mídia que não está do lado do povo, eu, como brasileira, latina morando nos EUA, preciso me manifestar em apoio à democracia! A crise era esperada independente do governo, mas graças a uma mídia que impulsionou a opinião pública, e a um Congresso corrupto, vimos um show de horrores e todo esse maquiavelismo foi revelado na votação do último domingo. Fiquei extremamente chocada com o nível daqueles políticos. Jamais irei me calar diante das injustiças. Sou estudante, trabalhadora, pago as minhas contas e luto pelo que acho que é certo. Daqui eu acompanho a política mundial e principalmente a do nosso pais diariamente na internet, então fiquei sabendo que Dilma iria falar na ONU e contatei pessoas no Brasil para saber o horário e mais ou menos o local aonde ela iria se hospedar para que levasse flores, cartazes e um presentinho para ela, que é mulher, mãe, guerreira, grande política e precisava manifestar o meu apoio.
O que ouve dos americanos sobre a crise?
Durante os protestos dos coxinhas a mídia estadunidense fez uma cobertura mais intensa, obviamente, além da internet e redes sociais. Parte dos brasileiros ajudaram a criar um clima de terror, mentiras e instabilidades para ferir o governo e daqui eu ouvia muitas críticas negativas, mas sempre procurei dialogar mostrando um outro lado e possibilidades de novas reflexões, até porque a população dos EUA, assim como nós, é manipulada e precisa muito dos movimentos sociais também. Os jornais estadunidenses vão muito com o termômetro dos jornalistas correspondentes do Brasil que, em sua maioria, acabam traduzindo um lado da história. Depois do vexame de domingo e da votação pelo impeachment de Dilma é que eles começaram a pegar leve com a presidente. Até a revista The Economist resolveu pegar leve em Dilma esta semana. Acho que a internet ajudou muito a mudar a opinião pública e muitos americanos têm se mostrado solidários com os protestos pró-impeachment no Brasil, até porque a situação nos EUA acaba sendo semelhante a do Brasil. Nós sabemos que o capitalismo cria instabilidade, medo e divisão de classes. A economia dos EUA também não vai nada bem…