Não vou queimar minha biografia apoiando o impeachment, diz Capiberibe
Diante do debate sobre o afastamento da presidenta Dilma Rousseff que tramita no Senado, o Portal Vermelho tenta ouvir os senadores para saber o seu posicionamento. Em entrevista, o senador João Capiberibe (PSB-AP) disse que é contra a admissibilidade do processo e votará contra o afastamento de Dilma.
Por Dayane Santos
Publicado 26/04/2016 17:20

“Eu voto contra a admissibilidade do processo de impeachment. Não vou colocar a minha assinatura nem queimar a minha biografia com impeachment, que não me parece o mais correto para a sociedade brasileira”, enfatizou o senador, que tem defendido a realização de novas eleições.
Ele pontua que não há crime de responsabilidade. “Se há crime de responsabilidade para a presidente também há para o vice. O que demonstra um desequilíbrio de igualdade nesses processo”, ressalta.
Não há crime
O senador salientou que os decretos de créditos “não caracterizam crime de responsabilidade”. Lembrou que se tal justificativa levar o afastamento de Dilma, o mesmo acontecerá com todos os governadores e prefeitos do país que fizeram o mesmo procedimento.
Segundo ele, “o impeachment é a marcha da insensatez”, pois leva o país a um confronto que “aumenta as divisões na sociedade, aprofunda o sectarismo político e promove a intolerância entre as pessoas”.
Capiberibe disse também que os defensores do impeachment são vendedores de ilusões. “Está se vendendo a ilusão que na hora que acabar o impeachment nós vamos ver o país em HD, mais colorido, com as suas diferenças resolvidas. Mas pelo contrário, as diferenças vão se aprofundar e ampliar os ânimos e o ressentimento. E não é isso saída para a crise. O confronto nunca será saída para uma crise, além de atingir duramente a democracia”, destacou.
Temer: Tudo para os bancos
Sobre um eventual governo Temer, o senador enfatiza que esse é o pior cenário, principalmente para os trabalhadores.
“Teremos um acirramento enorme, que vai aprofundar a crise econômica e também provocar uma crise social com perda de direitos dos trabalhadores, com retração drástica de conquistas garantidas pela Constituição de 1988”, disse.
O senador lembrou que o país um desequilíbrio fiscal de R$ 120 bilhões que precisam ser equacionados ainda este ano. “Ou se tira do dinheiro da educação e da saúde ou se tira dos bancos. Esse grupo que quer assumir o governo eu tenho certeza que dos bancos não tiram um centavo”, finalizou.