Marinaldo Clementino Braga: E agora, José?

Por * Marinaldo Clementino Braga

manifestação pela democracia

As crises políticas, econômicas e sociais na história das civilizações humanas são da essência do capitalismo globalizado que produz exclusão sem precedentes no mundo atual. Para o cidadão comum, que sofre na carne a crise que atravessa o País, restam a rebeldia e a indignação quanto aos rumos da economia, da política, com perguntas, reveladoras da fala do poeta, ao afirmar que a “festa acabou e o povo sumiu”. A festa não acabou, o povo não sumiu e dará o ar de sua graça na hora certa, e nas ruas, garantirá as conquistas das últimas duas décadas.

Os deserdados que ascenderam à sociedade de consumo edificarão trincheiras nas praças, nos locais de trabalho, em suas casas, defendendo com unhas e dentes os direitos políticos, sociais e econômicos, que custaram muitas lutas ao longo da nossa história, que vai desde o governo Getúlio Vargas, passando por Juscelino, Jango e continuando com Lula e Dilma.

Um convite a esta geração, de cidadãos, jovens, trabalhadores e aposentados que, por meio das políticas implementadas nos últimos anos, participam efetivamente da vida da República, via programas de transferências de renda; política de valorização do salário mínimo; expansão do ensino técnico e universitário, assegurando o acesso massivo dos pobres às escolas públicas, universidades (via política de cotas do Enem e via Fies); acesso à moradia a bens de consumo de massa, fortalecendo o mercado interno.

Não deserdemos, unamos as forças e a consciência coletiva para não abrirmos mão das conquistas alcançadas, rechaçando o golpe parlamentar-judicial-midiático para não retroceder à supremacia dos interesses da oligarquia financeira, síntese do octanato de FHC. Rejeitemos a sociedade para poucos, que é o objetivo maior dos defensores do impeachment, que não assumem a essência de seu projeto, de políticas neoliberais de exclusão social.

A fala de Eduardo Galeano reflete muito a conjuntura atual da crise brasileira, para quem os sonhos da juventude, dos movimentos sociais é a “utopia que está no horizonte, me aproximo dois passos, ela se afasta dois. Caminho dez passos e o horizonte, dez passos. Por mais que eu caminhe jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: Para que eu não deixe de caminhar”.

Que as vozes da rua, diferentemente das “Vozes da Sêca”, despertem a consciência coletiva que assegure a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

*Marinaldo Clementino Braga é economista

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