Stédile: Estratégia do golpe é aumentar a exploração dos trabalhadores

O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, esteve em Curitiba nesta quinta-feira (28) para participar de uma plenária da Frente Brasil Popular, representada, no Paraná, pelo Fórum de Lutas 29 de Abril. O objetivo do encontro é indicar as próximas ações de luta nacional e estadual. Além de mobilizações no mês de maio, a retomada do trabalho de base pelos movimentos populares e sindicais está entre as prioridades da Frente.

MST em defesa da democracia
Stedile também concedeu uma entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Jornalistas do Paraná – Sindijor PR. Ele esteve ao lado da presidenta da CUT Paraná e representante da Frente Brasil Popular, Regina Cruz, e do presidente da APP-Sindicato, Hermes Silva Leão.
 
Para ele, o principal objetivo da coalizão de forças conservadoras e de direita que formou-se no Brasil ao longo dos últimos anos é a recomposição de um plano neoliberal para a economia. “Para retomar as suas taxas de lucros, só tem um caminho: aumentar a exploração dos trabalhadores e dos bens da natureza como petróleo, água e energia elétrica. Isso está muito claro no programa que eles estão apresentando para o país, que é ‘uma agenda para o passado’”, ironizou a liderança do MST.
 
 
O atual cenário político, embora complicado para as forças progressistas, não representa uma derrota. Para Stedile, a esperança de manutenção da democracia acontecerá após a votação do dia 11 de maio, quando a admissibilidade do processo de impeachment deverá passar pelo Senado. Ele revelou que os movimentos populares, tão logo isso aconteça, entrarão com um pedido judicial diretamente no STF para que seja analisado o mérito do julgamento.
 
 
“Na pior situação, que é o afastamento da presidenta, entraremos com recurso no STF para que os ministros julguem o mérito e não apenas o rito. Esperamos que os 11 ministros tenham juízo e sejam de fato zeladores da Constituição”, projetou. A liderança dos trabalhadores rurais sem-terra também anunciou uma agenda de atividades dos movimentos populares que incluem mobilizações no dia 1º e 10 de maio.
 
Quebra de direitos
 
Representando a Frente Brasil Popular no Paraná, a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, reforçou o papel do golpe institucional em curso no Brasil. De acordo com ela, a Agenda Brasil, agora transformada no Plano “Uma Ponte para o Futuro”, simboliza a retirada de direitos da classe trabalhadora.
 
São mais de cinquenta projetos em tramitação no Congresso Nacional que retiram direitos conquistados ao longo de décadas. Para ela o mais emblemático é o chamado PL das Terceirizações. “Venho de uma categoria terceirizada (vigilantes) e não desejamos isso para nenhuma categoria. É o fim dos direitos com empresas que fornecem mão-de-obra precarizada às custas do trabalhador e da trabalhadora. As multinacionais já estão de olho nesta oportunidade”, avisou.
 
29 de abril
 
O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, destacou o ato desta sexta-feira (29) que recorda o Massacre do dia 29 de Abril. Nesta data, um ano atrás, o Governo Beto Richa (PSDB) utilizou de toda a força de repressão oficial do estado para atacar servidores públicos em greve por conta de um Projeto de Lei, de autoria do Executivo, que ficou conhecido como “Confisco da Previdência”.
 
 
“(Este ato é) em memória à violência do dia 29 de abril do ano passado. Mas queremos reforçar esse tema que não é novo. Iremos completar 28 anos que fazemos algo muito semelhante sobre o que ocorreu no dia 30 de agosto de 1998 sob o governo Álvaro Dias aqui no Paraná. A violência dos cães, cavalos, do gás lacrimogênio que ocorreu naquela tarde de 30 de agosto de 1988”, recordou.