Sessão do Dia do Trabalhador transforma-se em ato contra golpe 

A sessão especial no Senado para homenagear o Dia do Trabalhador, nesta segunda-feira (2), reuniu sindicalistas e senadores que, sob gritos e aplausos,manifestaram-se contrários ao impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff. Eles alertaram que um possível governo do vice-presidente Michel Temer vai representar um retrocesso na luta dos trabalhadores, com a retirada de direitos. 

Sessão do Dia do Trabalho transforma-se em manifestação contra golpe - Agência Senado

Requerida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a sessão foi marcada por discursos dos senadores Jorge Viana (PT-AC), Donizeti Nogueira (PT-TO), Telmário Mota (PDT-RR) e Regina Sousa (PT-PI) contra o golpe e os riscos que dele virão com relação as conquistas e direitos dos trabalhadores. Ao final da sessão, Paim afirmou que o 1º de Maio deste ano foi de tristeza porque estão “atacando covardemente a democracia”.

“Se acontecer o pior, nós teremos na presidência da República, o senhor Eduardo Cunha? Eu duvido que o povo brasileiro queira isso”, afirmou Paim, lembrando que a presidenta, a seu pedido, não enviou a reforma da Previdência ao Congresso, mas que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), constituiu um grupo de trabalho para reformar a Previdência Social.

Sem retrocesso

Os sindicalistas que discursaram no Plenário demonstraram sua preocupação com o retrocesso de direitos conquistados caso haja mudança no governo. Entre as iniciativas denunciadas durante a sessão estão o projeto da terceirização, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do trabalho escravo, a prevalência do negociado sobre o legislado e a reforma da previdência.

O representante da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho, Hugo Melo, alertou para a existência de 55 projetos de lei tramitando no Congresso Nacional com o objetivo de reduzir os direitos dos trabalhadores.

“Vão passar o golpe de qualquer jeito, mas não passarão o retrocesso social no Brasil, porque nós não aceitaremos”, disse.

História

No início da sessão especial, Jorge Viana relembrou a origem do Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio em vários países. Uma manifestação de trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1886, pela jornada diária de oito horas, resultou na morte de três manifestantes após um enfrentamento com a polícia. Em dias posteriores de manifestações, houve mais mortes.

Três anos depois, na Segunda Internacional Socialista, em Paris, foi estabelecida uma manifestação anual para lutar pelas oito horas diárias de trabalho em que se escolheu a data de 1º de maio.

Jorge Viana também relembrou direitos dos trabalhadores conquistados no Brasil. Ele citou a criação, em 1930, no governo Getúlio Vargas, do Ministério do Trabalho. Em 1932, o Decreto 22.042 regulamentou o trabalho infantil. Em 1934, nasceu a Justiça do Trabalho. Em 1940, foi anunciado o salário mínimo. Em 1º de maio de 1943, criou-se a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 1962, criou-se o 13º salário, no governo João Goulart e em 1966, foi instituído o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).