Juventude denuncia: senadores corruptos julgarão presidenta

Na tarde de terça-feira (03), no centro de Itajaí, litoral catarinense, membros da União da Juventude Socialista (UJS) e representantes da Frente Brasil Popular realizaram um ato questionando a participação de senadores envolvidos em investigações de tráfico de drogas e corrupção e que deverão julgar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Helicoca

O destaque foi o senador Zezé Perrella (PTB), proprietário do helicóptero apreendido com 445 quilos de pasta base de cocaína em novembro de 2013, membro da comissão especial que trata do acolhimento do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

A população que passou pelo calçadão da rua Hercílio Luz, em Itajaí, se deparou com uma cena inusitada. Uma pilha com 445 quilos do que parecia ser um pó branco, colocados em sacos, foi posta em frente à Casa da Cultura. O motivo: uma forma diferente de protestar contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. 

O pó branco – que na verdade era sal – foi uma maneira de lembrar o caso da apreensão de 445 quilos de cocaína, em 2013, que tava num helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PTB-MG). O político integra a comissão formada no Senado para julgar o afastamento da presidenta.

A ideia do protesto criativo foi organizada por integrantes da União da Juventude Socialista (UJS) e da Frente Brasil Popular, formada pelo PT, PCdoB e Psol de Itajaí.

"O ato tem o objetivo de dar visibilidade a quantidade de cocaína encontrada no helicóptero do Senador Parrela – PTBMG e apreendido na fazenda do Senador Aécio Neves – PSDBMG, e alertar a população que esses criminosos que defendem e vão julgar o impeachment da presidente Dilma!", publicou a UJS em sua página numa rede social.

Muita gente gostou da ideia. “É importante para chamar a atenção e pro pessoal entender o contexto. [O senador] Não é uma pessoa íntegra, é uma pessoa que deve e que vai julgar ela [Dilma]”, avaliou o sushiman Antônio Rafael Pacheco, 29 anos. O rapaz defende que os senadores da comissão deveriam ter a ficha limpa.

A pensionista Estela Maria de Oliveira pensou que o pessoal tava distribuindo sal no calçadão. Ela parou e deu uma olhada melhor e viu que não era bem isso. Um helicóptero de brinquedo colocado junto no monte de sal ajudou na memória. “Quando vi o helicóptero lembrei do caso. Achei muito bom porque esquecemos de tudo mesmo”, ressaltou.

Senadores com ficha suja vão julgar Dilma

O processo de impeachment de Dilma Rousseff foi aprovado em 17 de abril pela câmara dos deputados. Ele foi instalado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB), acusado de receber propina na história da Petrobras, propina de outras obras públicas e também de mandar dinheiro ilegal pra contas no exetrior.

Agora, uma comissão de 21 senadores vai analisar o processo, pra decidir se ele tem validade ou não. Se a comissão especial do Senado aprovar, aí a Dilma ganha um gancho de 180 dias e o processo vai pra frente. Depois desses seis meses, ou a Dilma é enxotada do palácio do Planalto pra sempre ou reassume o cargo.

Contra a presidenta não pesa nenhuma acusação de corrupção. O rabo apontado pela oposição são as tais das ‘pedaladas fiscais’. Ela teria deixado de repassar dinheiro para contas públicas de ações sociais e assinou decreto mudando rubricas do orçamento sem passar pelo congresso. O irônico é que quase todos os 21 membros da comissão do Senado sofrem ou já sofreram acusação de corrupção e tão enrolados com a dona justa. Veja aí alguns exemplos:

Raimundo Lira – PMDB
É o presidente da comissão. O da direita na foto, agarrado no Antônio Anastasia. Acusado de ter caixa 2 na campanha eleitoral de 2010, quando era candidato a suplente de senador. O Tribunal Superior Eleitoral aponta que ele movimentou R$ 870 mil sem declarar na prestação de contas. É contra a Dilma.

Antônio Anastasia – PSDB
É o relator da comissão especial. Também é apontado por ter praticado várias ‘pedaladas fiscais’ quando era governador de Minas Gerais e de não ter repassado para os setores da Educação e da Saúde o mínimo que a constituição Federal prevê. Além disso, é um dos investigados na operação Lava Jato. Teria recebido R$ 1 milhão do doleiro Alberto Yousseff, como propinas, por conseguir contratos com a Petrobras. É contra a Dilma.

Dário Berger – PMDB
Esse mesmo, ex-prefeito de Floripa, condenado a devolver R$ 2,5 milhões dos cofres públicos municipais pelo pagamento da apresentação do cantor italiano Andrea Bocelli, que nunca aconteceu. É contra a Dilma.

Ivo Cassol – PP
Condenado por fraude a quatro anos e oito meses de prisão em regime semiaberto em 2013. Recursos jurídicos adiam a prisão. É acusado de ter direcionado licitações a empresas de conhecidos, entre 1998 e 2002, quando era prefeito de Rolim de Moura, em Rondônia. Também é ex-governador daquele estado. É contra a Dilma.

Simone Tebet – PMDB
É do Mato Grosso do Sul. Responde a uma ação popular que denuncia irregularidades na compra de marmitex pela prefeitura de Três Lagoas, onde já foi prefeita. É acusada de levar propina da empresa que fornecia o marmitex. É contra a Dilma.

Zezé Perrella (PTB)
Além do 450 quilos de cocaína no helicóptero da família, também já teve os bens bloqueados e o sigilo bancário quebrado por ordem da justiça, acusado de ter fechado contratos públicos com sua empresa sem licitação. É contra a Dilma.

Fernando Collor de Mello – PTC
Esse dispensa apresentações. Foi o primeiro presidente do Brasil a sofrer um impeachment. A acusação foi de que teria recebido presentes suspeitos, como uma Elba zero quilômetro e reformas na chácara onde morava, em Brasília. Também tá todo enrolado na operação Lava Jato. No ano passado, a PF apreendeu dele um Ferrari, um Porsche e um Lamborghini que, apontam as acusações, teria comprado com dinheiro da corrupção. Não declarou ainda como vai votar.

Aloysio Nunes – PSDB
Sofre várias acusações. Uma é a de que seria lobista da multinacional francesa Alstom no escândalo chamado de “Propinoduto Tucano”. Teria intermediado propina para o cartel de trens. Também é acusado de receber pra campanha R$ 200 mil do caixa 2 de uma empreiteira. O dinheiro, segundo as investigações, seria parte da propina por ter conseguido contratos com a Petrobras para o empresário Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC. É contra a Dilma.

Fernando Bezerra – PSB
Foi citado na delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. É acusado de ter recebido R$ 20 milhões na época em que era secretário do governador Eduardo Campos. É contra a Dilma.

Com informações do Diarinho Online