Fora de cena, Cunha é criticado por peemedebistas

A determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato de deputado federal e, em consequência, da presidência da Câmara teve forte repercussão no Plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nem mesmo os correligionários pouparam críticas ao agora afastado Eduardo Cunha.

Dep. Valdir Cobalchini

Na opinião do deputado Valdir Cobalchini (PMDB), é uma decisão que merece ser comemorada pela nação e, inclusive, pelo partido. “Reconhecemos os erros que são praticados por companheiros nossos. Todos estávamos desconfortáveis, brasileiros e nós, do PMDB. Se quisermos ver um país diferente precisamos dar o exemplo. O país não pode mais conviver com alguém que não tem mais condições morais de estar na linha sucessória da presidência. Estou aliviado, como peemedebista, porque era um fardo muito pesado. ”

Para Cobalchini e Mauro de Nadal (PMDB), Eduardo Cunha deveria ter tomado a iniciativa de se afastar da presidência da Câmara para que o Conselho de Ética analisasse com transparência o processo de cassação do peemedebista. “O Brasil vive um momento importante, em que se apuram diversas irregularidades sobre desvio de recursos públicos. Temos que comemorar esse momento. A justiça precisa ser feita e as pessoas precisam pagar por seus atos, independentemente do partido que representam”, falou Nadal. “Não tem como defender o indefensável, tapar o sol com a peneira. Aqueles que devem explicações, que as deem”, complementou Cobalchini.

Em aparte, outro correligionário de Eduardo Cunha, Gean Loureiro afirmou que o partido não pode se omitir de tomar uma “decisão firme” em relação a Cunha. “Não estamos aqui para defender aqueles do nosso partido que não seguem as condutas. Defendemos a apuração dos fatos, esperamos que a justiça seja feita, que os que cometeram falhas sejam afastados e que todos os responsáveis sejam punidos.”

Ao comentar a notícia de afastamento de Cunha do mandato parlamentar, Kennedy Nunes (PSD) disse estar preocupado com a autonomia dos poderes. “O Brasil esperava isso já há muito tempo. Se Cunha ficou até agora, é porque ele tem conhecimento sobre o Regimento Interno da Casa e o usou para seu benefício. O que me preocupa é a autonomia dos poderes”, disse. “O Brasil precisa ser passado a limpo. Que se use a Lava Jato para isso, mas é preciso a reformulação e a estruturação do sistema judiciário. Além disso, a corrupção no serviço público só acabará com a revisão da lei que trata das licitações públicas”, opinou.

Na avaliação de Vicente Caropreso (PSDB), é preciso dar continuidade aos processos de investigação. “É uma notícia alvissareira. Acredito que a justiça está sendo feita. Esperamos que essa reação em cadeia da limpeza da política nacional continue. Uma situação grave moral se abateu sobre o país e entramos em uma rota de insolvência generalizada. O Brasil tem que aproveitar esse momento e rever pontos de sua legislação, para que possa ser viável.”

Dirceu Dresch (PT) reclamou da demora do Supremo Tribunal Federal para determinar o afastamento de Cunha. “Ele foi finalmente afastado porque já cumpriu seu papel [em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff]. Será que o STF não poderia ter tomado essa decisão antes?”, questionou.

Com informações da Agencia AL