Para ex-ministro de FHC, impeachment fica marcado por nulidades

O ex-ministro de FHC e cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, lamentou que o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenha demorado tanto e disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) não soube lidar com "o circo do impeachment”.

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“É claro que a decisão tem que ser comemorada. Mas é lamentável que não tenha vindo muito antes do impeachment", disse ele em entrevista à revista Brasileiros.

Para ele, "as manobras que teriam de ser feitas já foram concluídas”, mas diz que o processo de impeachment fica caracterizado por um “sem número de nulidades”.

“Desde o espetáculo lamentável da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, onde pelo menos 400 deputados não foram eleitos pelos seus próprios votos, mas por sobra de votos ou pela legenda, até a pantomima da comissão do impeachment e o parecer por um deputado líder da bancada da bala, consolida o Brasil como uma Banana Republic, que será consagrada pelo governo Temer”, completa.

Paulo também critica o vazamento de grampos da Operação Lava Lado pelo juiz Sérgio Moro, que considera um grave crime. “Deveria ter recebido uma condenação muito mais violenta e ações legais mais articuladas do que fomos capazes de fazer”, disse ele, reforçando que a mídia usou a “desculpa messiânica do Moro de assim o fazer para que os governados soubessem como os governantes agem”.

Ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Pinheiro disse também que o golpe trará prejuízos na área. “O que vai acontecer é a derrubada de tudo o que se constituiu nos últimos 25 anos em termos de direitos humanos, controle civil das Forças Armadas, fortalecimento dos movimentos sociais e da sociedade civil democrática organizada", afirmou.

Para ele, em um eventual governo Temer, a repressão ilegal por parte do Estado Federal será liberada e a Lei Antiterrorismo será um instrumento de uso banal. “O perfil do governo golpista simplesmente é um sinal fraco do governo, com práticas de direita e extrema direita, que estarão ainda por vir”, conclui.