Senadores defendem impedimento de Dilma com argumentos políticos 

A preocupação de senadores governistas de que a votação da admissibilidade do pedido do impeachment no Senado reproduzisse o “circo de horrores” da votação na Câmara e não se concentrasse nos aspectos jurídicos da acusação era procedente. Os primeiros oposicionistas que usaram os 15 minutos a que têm direito na sessão desta quarta-feira (11) fizeram discursos raivosos contra o PT e a presidenta Dilma Rousseff, destacando aspectos políticos para o impedimento da presidenta eleita. 

Senadores defendem impedimento de Dilma com argumentos políticos - Agência Senado

O senador Aloysio Nunes (PSDB – SP) foi um dos mais raivosos entre os primeiros oradores, acusando a presidenta Dilma de “crimes praticados com dolo específico: o desejo imoderado de se manter no poder, valendo-se, para isso, da mentira, da fraude, da falsificação da realidade. Crimes qualificados pelo resultado, o resultado dessa crise profunda que nós estamos vivendo.”

E, criticando o PT e os movimentos sociais, a quem acusou ser “correias de transmissão do Partido dos Trabalhadores”, antecipou que “a Senhora Presidente da República vai ser afastada pela decisão de hoje e, por isso também, não voltará mais. Ela será afastada definitivamente, não tenho dúvida nenhuma, Sr. Presidente! Sabe por quê? Porque ela perdeu as condições de governar este País. Não há alguém que acredite, nem mesmo seus defensores, que se esmeram em um combate de retaguarda para cobrir a retirada de um exército derrotado, que ela tenha condições de voltar a presidir este País.”

Segundo o senador tucano, a presidenta Dilma perdeu as condições de governar o país por “teimosia”, “inépcia”, “irresponsabilidade”, “amparada agora por não mais do que 137 Deputados Federais, escorada em movimentos sociais, nos chamados movimentos sociais, que são a expressão de um radicalismo que o povo brasileiro não admite, não aceita, e que ocupam, hoje, o Palácio do Planalto, colocando faixas e cartazes, proclamando o chamado golpe, a farsa do golpe”, reafirmando o ódio à presidenta Dilma e aos movimentos sociais.

Discurso de campanha

A ex-petista e neo-peemedebista, senadora Marta Suplicy (SP), usou o mesmo procedimento dos deputados ao declarar o voto, que só será apresentado, por votação eletrônica, no final da sessão: “Por São Paulo e pelo Brasil, Sr. Presidente, o meu voto é sim!” declarou após um discurso em que destacou que “aqui nos cabe também, primordialmente, emitir um julgamento político.”

A senadora ignorou o tema da sessão – o impedimento da presidenta Dilma – e antecipou o programa de governo do vice-presidente, Michel Temer, do Partido dela, que assumirá o cargo com o afastamento de Dilma: “A hora é de somar. É hora da democracia, da governabilidade, da legalidade, do desenvolvimento, do corte de gastos da máquina pública, do aumento da eficiência da Administração Federal. Encontraremos o caminho. O caminho será democrático, pacífico, generoso e grande para o Brasil”, afirmou, com mia suma série de adjetivos.

E, dizendo estar comprometida “com os interesses maiores do Brasil”, continuou com um discurso de campanha eleitoral em que o PMDB pleiteia o cargo de presidente da república, prometendo “um novo amanhã, com a participação daqueles que têm vocação e capacidade de unir e agregar os diferentes ao redor das grandes causas. Esta transição deve nos levar aos encaminhamentos dos graves e sérios problemas que o País vive; aos desafios de enfrentar a necessidade de caminharmos juntos, para um País livre de radicalismos, da corrupção, forte e competitivo; à elaboração de um programa de mudanças que modernize e aponte novos caminhos para o Brasil, preservando o compromisso com os mais pobres, com os discriminados, com as crianças, com as mulheres, com os excluídos e com a juventude.”

E, caprichando nos adjetivos, prometeu para o governo de Michel Temer “dignidade, transparência, bom senso, verdade, trabalho e esperança.”

Lula no alvo da fúria

O tucano Ataídes Oliveira (TO) também fez uma declaração de voto como Marta Suplicy e um discurso raivoso como Aloysio Nunes. “Finalizo dizendo que o meu voto, evidentemente, para o bem deste País, é sim, pelo afastamento da Presidente Dilma do poder a partir de amanhã!” declarou, após afirmar que “o povo brasileiro não suporta mais essa corja administrando o nosso País! Nosso País, hoje, perdeu a moral, perdeu a credibilidade; nosso empresário não acredita mais neste Governo. Nós perdemos tudo. Perdemos tudo.”

E, sem esconder que o ex-presidente Lula é também alvo de toda a sua fúria, o tucano discursou: “O Lula virou "o cara" no mundo – o Lula virou "o cara". Claro que ele virou "o cara", porque ele gastou R$3,3 trilhões, irresponsavelmente, do povo brasileiro.”

E, dirigindo-se ao ex-presidente Lula, disse: “Eu quero lhe dizer que a culpa de todo esse desastre é sua, Lula! Foi você que botou essa criatura para governar o País! Foi você, Lula! Foi você que fez tudo! Que pena, Lula. A Dilma vai ser cassada, hoje ela vai ser afastada. A Dilma vai ser cassada e você vai responder! Sérgio Moro… Eu disse ano passado: o Sergio Moro vai lhe convidar tão logo, para vocês dois baterem um bom papo. Você vai responder por tudo que você fez ao nosso País.”