Macri é o primeiro presidente a reconhecer governo ilegítimo de Temer

O governo argentino de Mauricio Macri foi o primeiro a reconhecer o governo ilegítimo de Michel Temer, depois da aprovação do processo de impeachment do senado brasileiro, que aconteceu na madrugada desta quinta-feira (12).

Por Mariana Serafini

Maurício Macri - Reuters

Em nota oficial no Ministério das Relações Exteriores da Argentina afirma: “Diante dos eventos registrados no Brasil, o governo argentino manifesta que respeita o processo institucional que está se desenvolvendo”. O “processo institucional” é, neste caso, o impeachment sem crime de responsabilidade, ou seja, o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff.

A ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, se apressou em afirmar que “A Argentina continuará dialogando com as autoridades constituídas para seguir avançado com o processo de integração bilateral e regional”. E disse ter esperança que o desenlace do golpe de Estado “consolide a solidez da democracia”.

Diferente dos presidentes de países progressistas que integram os mecanismos internacionais do qual o Brasil é membro, como Evo Morales, da Bolívia, e Nicolás Maduro, da Venezuela, Macri se empenha em barrar cláusulas democráticas que pretendem não reconhecer o governo ilegítimo de Michel Temer.

Isso porque, organismos como a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a OEA (Organização dos Estados Americanos), já expressaram preocupações com a ruptura da democracia no Brasil e advertiram que o país poderá sofrer consequências graves. Quando o Paraguai sofreu o golpe de Estado em 2012, o Mercosul suspendeu o país do bloco até que novas eleições fossem realizadas.

A princípio, Macri se mostrou disposto a se aproximar de Dilma, mas não demorou em demarcar seu posicionamento receptivo ao possível governo de Temer, até porque é alguém com quem compartilha afinidades ideológicas. Ambos propõe uma agenda neoliberal baseada em abertura ao mercado externo e privatizações.

Vale ressaltar que, assim com no Brasil, na Argentina a maioria parlamentar é de oposição ao executivo. Macri assumiu a presidência há apenas cinco meses e já se apressou em reconhecer um governo que chegou ao poder por meio de um golpe de Estado, deve estar atento às manobras que apoia.