Afastamento de Dilma é ataque contra influência internacional do Brics
Na quinta-feira (12) foi consumado o golpe de Estado que estava em curso no país, com o afastamento pelo Senado da presidenta Dilma Rousseff de seu cargo por 180 dias. O presidente ilegítimo Michel Temer formou seu "governo" com ministros investigados pela Operação Lava Jato e dá mostras de que vai alterar de forma significativa a política externa, retirando importância do país no Brics.
Publicado 13/05/2016 15:08

Na opinião do diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Davydov, o Brasil enfrenta uma grande crise econômica que não pode ser ultrapassada sem resolver problemas políticos.
Para ele, se o governo ilegítimo tiver de cortar gastos para programas sociais, perderá todo o apoio em breve. O cientista político expressou a esperança de que o Brasil não passe por uma situação como aquela que existiu na Argentina em 2001-2002 quando o povo argentino se manifestou com o lema principal “Que se vão todos”.
Em geral, Davydov pensa que o afastamento de Dilma é um evento muito "triste" nem só para o Brasil, mas para toda a América Latina. O evento acontecido é um sinal de que há tendência de desestabilizar toda a região por meio de exercer a pressão sobre os líderes destes países. É uma característica para todos os 33 países latino-americanos, especialmente para os que têm laços estreitos com a Rússia e a China.
O especialista afirmou que tendo em conta que o Brasil é o membro de grupos internacionais como G20, Brics e outros, esta tendência de desestabilização pode ter um efeito negativo sobre o papel destas associações na política internacional.
“Penso que se tem de verdade algum roteiro anti-Dilma, é destinado a diminuir o papel da América Latina como o centro coletivo muito importante de economia e política mundial. É o desejo de diminuir o papel de tais organizações das quais participa o Brasil e um jogo contra o grupo Brics, sem dúvida”, afirmou Davydov.
O objetivo final desta tendência gerada pelas forças externas é diminuir a influência de toda a América Latina e do Brasil em particular, como o maior país da região, sobre desenvolvimentos internacionais, liquidar a região como a força internacional crescente e independente.
Na opinião de Davydov, a campanha contra Dilma é bem planejada e organizada. Todas estas manifestações em junho de 2013 não aconteceriam se não tivesse tido lugar uma incitação especial. Na Internet foi lançada uma ação anti-Dilma para espalhar a visão negativa sobre os trabalhos do seu governo. Foi apoiada pelos políticos e pela máfia brasileira da droga.
“A campanha contra Dilma Rousseff não foi iniciada neste ano <…> Há alguns anos atrás analisamos a manifestações em massa quando por alguns centavos foi aumentado o valor da passagem no transporte público <…> Isso é impossível! Isso é impossível se não fosse usada uma tecnologia para incitar protestos”, disse Davydov.
O especialista destacou que o ex-presidente do Brasil Lula bem como Dilma fizeram várias tentativas de lidar com a máfia das drogas brasileira. A criminalidade que agia em favelas foi limitada significativamente, inclusive a que tratava de venda de drogas. Agora é o tempo de fazer uma revanche. O fato de que praticamente todo o poder político do Brasil é corrupto podem significar que há laços entre a criminalidade e as forças oposicionistas.
Segundo Davydov, a parte dos EUA no comércio com os países latino-americanos diminui-se de forma lento, gradual e permanente. O seu lugar tentam ocupar tais países como a China, a Índia, a Rússia, bem como a Turquia e o Irã.
Por isso os EUA devem fazer algo para preservar as suas posições em países da América Latina. Embora, na opinião do especialista, o Brasil conseguirá ultrapassar este período de instabilidade porque tem aspirações de uma grande potência, é um país muito grande para se tornar vítimas de planos norte-americanos.