José Serra dá passaporte diplomático para religioso denunciado

O senador José Serra (PSDB-SP), utilizando-se do status de ministro de Relações Exteriores do governo golpista de Temer tomou uma "importante" medida no comando do Itamaraty: concedeu passaporte diplomático a dois líderes evangélicos da Assembleia de Deus, Samuel Cássio Ferreira e Keila Campos Costa Ferreira. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (17).

José Serra

Com o passaporte especial, os dois religiosos terão direito a tratamento diferenciado em aeroportos e alfândegas, sendo dispensados de revista, além de não enfrentarem filas. 

Samuel Cassio Ferreira era diretor do templo da Assembleia de Deus de Campinas (SP) que, segundo a Procuradoria Geral da República, teria recebido depósitos que somam R$ 250 mil supostamente oriundos de propina paga ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A informação faz parte de uma das denúncias apresentadas ao Supremo Tribunal Federal contra o peemedebista pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ainda de acordo com o Ministério Público, o dinheiro direcionado ao templo dirigido por Ferreira seria parte dos US$ 5 milhões pagos a Cunha como contrapartida ao fato de ele ter ajudado a viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras.

"É notória a vinculação de Eduardo Cunha com a referida igreja [em Campinas, SP]. O diretor da referida igreja perante a Receita Federal é Samuel Cassio Ferreira, irmão de Abner Ferreira, pastor da Igreja Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro, que o denunciado [Cunha] frequenta. Foi nela inclusive, que Eduardo Cunha celebrou a eleição para presidência da Câmara dos Deputados", escreveu Janot em sua denúncia.

A Portaria que autoriza o passaporte especial foi publicada no Diário Oficial da União


Desde que assumiu a pasta na última quinta-feira (12), José Serra tem tomado atitudes nada republicanas. Parte do corpo diplomático reagiu mal aos primeiros passos da gestão dele. Não é segredo que Serra tem um posicionamento de defesa de grupos estrangeiros, principalmente dos EUA, ligados ao mercado do petróleo, tanto que Serra conseguiu que Temer aglutinasse ao Ministério de Relações Exteriores, a Agência de Promoção do Comércio Exterior (Apex).

Outra medida de Serra foi informar ao ministério do Planejamento que precisa aumentar o orçamento de seu ministério, que é de quase 3 bilhões. O tucano esclareceu que precisa de mais 800 milhões, segundo ele, para cobrir dívidas. Quase 90% do orçamento do ministério é direcionado ao pagamento de despesas no exterior.

Ainda nos primeiros dias de sua gestão, Serra deu respostas duras aos países latino-americanos que não reconheceram o governo golpista de Temer. O senador tende ainda em afastar o Brasil dos grupos integracionistas como Mercosul, Unasul e Celac.