Fortaleza: Cortejo pede “Fora Temer” pelas ruas do Benfica

Dizer que as mídias sociais têm papel imprescindível na comunicação contra-hegemônica na luta pela democracia é, a princípio, ”chover no molhado”. Enquanto os grandes veículos em seus diversos formatos selecionam e distribuem espaços para divulgar o que lhes bem entendem como notícias, a internet é um campo aberto onde todos podem se expressar e serem ouvidos sem pedir licença.

Pois foi por meio de um evento criado no Facebook que centenas de jovens cearenses percorreram as ruas do Benfica no fim da tarde da última sexta-feira (20/05), para protestar contra o golpe político imposto à presidenta Dilma e à democracia brasileira.

A concentração teve início às 17h, nas proximidades da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pouco tempo depois, aquele bolinho de gente foi ganhando corpo e saiu em caminhada pelas ruas do bairro com gritos de ordem pedindo #ForaTemer, #VoltaDilma e #CunhaNaCadeia.

Moradores saíram de suas casas para manifestar apoio e acompanhar da calçada o cortejo. Dona Iolanda Freitas, 68 anos, que reside no Benfica há mais de 15 anos, aprovou a iniciativa da juventude. “Apoio porque estou vendo como vão deixar as coisas que a Dilma e o Lula fizeram por nós pobres se perderem em pouco tempo. Vão acabar com tudo”, lamentou.

Para Germana Amaral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Ceará, a mobilização é importante porque está contribuindo com o processo de conscientização contra o golpe. “As primeiras medidas já tomadas pelo governo interino, que não serão as últimas, são provas do que este governo tem a mostrar pra gente. O corte nas bolsas de ensino, no FIES, as investidas contra a educação, os cortes no SUS e em ministérios importantes são fatos que estão levando a juventude a se manifestar contra”, disse.

Para a líder estudantil, a nomeação de Mendonça Filho (DEM) ao ministério da Educação foi um grave retrocesso. “Esse cara é do partido que entrou no STF contra as cotas raciais, contra o FIES e o Prouni. Sempre foi uma pessoa adepta de medidas impopulares e não quer democratizar as universidades. Nós estamos denunciando isso aos estudantes brasileiros. Não vamos nos calar com esses retrocessos”, assegurou.

O papel da internet

Germana ainda reforçou o papel das mídias sociais na mobilização e interação entre jovens que lutam pela volta de Dilma. “A juventude, principalmente, vem se comunicando e mobilizando muito por meio delas. Elas fazem parte do nosso cotidiano. Os jovens buscam informações na internet e acabam esbarrando com os comunicados dos atos pelo Facebook. São novas estratégias de organização que se diferenciam nos formatos, com muita interação. Sempre aparece uma coisa nova nos atos”, enalteceu.