Áudios mostram que PSDB, DEM e PMDB financiaram MBL em atos pró-golpe

O Movimento Brasil Livre (MBL), responsáveis por proliferar nas redes sociais campanhas de criminalização contra os movimentos sociais, com memes que chamam os atos contra o golpe ao mandato da presidenta Dilma Rousseff seriam o “mortadela day”, ou seja, só por um lanche, aparece nos áudios, apontado como operador do PMDB no esquema da Petrobras, recebendo dinheiro e material do PSDB, DEM, Solidariedade e PMDB.

Liderança da juventude conservadora do Brasil, Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre

Nos áudios divulgados pela reportagem do site Uol, que não informa a origem, revela que o MBL, liderado por Kim Kataguiri, negociou o apoio financeiro a atividades do grupo que se diz "suprapartidário". O grupo teria recebido para produção de impressão de folhetos, cartazes, camisetas e a organização de manifestações pelo impeachment.

As conversas apontam que o gabinete dos sem voto de Michel Temer, que agora ocupa a presidência, atuou para insuflar os atos golpistas. Isso porque Moreira Franco, braço direito de Temer, pagou pela produção de panfletos para o MBL por meio da Fundação Ulysses Guimarães, com o lema "Esse impeachment é meu".

Num dos áudios, Renan Santos, Renan Santos, coordenador nacional do movimento e filiado ao PSDB entre os anos 2010 e 2015, confirma como o movimento se articulou com os partidos da base de apoio do golpe.

"O MBL acabou de fechar com o PSDB, DEM e PMDB, uma articulação para eles ajudarem, ah também com a Força Sindical, que é o Paulinho… pra divulgar o dia 13 usando as máquinas deles também, enfim, usar uma força que a gente nunca teve", disse Renan, que também confirmou a autencidade dos áudios.

Por meio de sua assessoria, Moreira Franco disse que não se recordava se teria pago ou não pela impressão. Depois, negou que o pagamento tenha ocorrido e disse que nem ele nem o PMDB jamais trabalharam em parceria com o MBL.

Enquanto Moreira Franco nega ter feito pagamento dos materiais, o presidente da Juventude do PMDB, Bruno Júlio, confirmou que solicitou ao presidente da fundação, Moreira Franco, que custeasse os panfletos. Ele disse que o material foi pago pelo partido e entregue ao MBL.

Oficialmente, no entanto, o MBL não confirmou o custeio dos panfletos, se limitando a dizer apenas que o PMDB fazia parte da comissão pró-impeachment.

PSDB

Num áudio gravado dia 5 de maio, o secretário de Mobilização da Juventude do PSDB do Rio de Janeiro, Ygor Oliveira, dá detalhes sore a articulação para financiar a viagem, alimentação e hospedagem dos manifestantes do MBL para ato ocorrido dia 11 de maio em frente ao Senado, dia da votação do afastamento de Dilma pelo Senado.

O tucano explicava no áudio que tinham levantado os recursos e que o MBL ficou responsável apenas 50% das passagens, mas os financiadores que eles haviam articulado recuaram. "Não é maldade do MBL estar furando com o PSDB não. Houve uma questão dos financiadores declinares", explicou Ygor.

Apedar do ato ter ocorrido, Ygor disse que a "parceria com o MBL" acabou não dando certo. Já o MBL não negou nem confirmou.

Apesar de pregar o combate ao caixa 2 e criminalizar os atos dos movimentos sociais, acusando de uso indevido do dinheiro público, o caixa das organizações que atuaram pelo golpe são guardados como segredo de Estado. O Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e Revoltados Online informam apenas que o dinheiro entra através de "doações de pessoas físicas e da venda de produtos".

O MBL, por exemplo, diz que o último ato realizado no dia 13 de março, gerou gastos de R$ 28 mil com caminhão, seguranças e publicidade no Facebook, entre outras despesas. No entanto, o volume de materiais e equipamentos sinalizam que o custe deve ser muito mais alto. Além disso, O MBL não apontou a origem da renda.

O valor citado também não refere-se ao total usado nas atividades do movimento, que incluem viagens a Brasília. Além disso, os fornecedores não são divulgados e as notas muito menos.

Para se ter uma ideia do montante, em Brasília o grupo fechou contrato com um carro de som para quatro dias ao custo de R$ 40 mil – superior aos R$ 28 mil citados – segundo o empresário que forneceu o equipamento, Rubens Dornelas.

Critico feroz do caixa 2 nas campanhas eleitorais, o Vem Pra Rua se negou a dar detalhes dos doadores. Rogério Chequer, porta-voz do movimento que já foi visto em restaurante com lideranças da oposição tucana, disse que as contribuições nem sequer passam por conta bancária, afirmando que a orientação aos colaboradores é que paguem diretamente aos fornecedores. O que diria o juiz Sérgio Moro sobre tal conduta?

Chequer disse ainda que não estão sujeitos às mesmas exigências de transparência do governo, pois não recebem dinheiro público. “Não recebemos de partidos políticos nem da Fiesp”, disse ele categoricamente.

O MBL é o único que tem cadastro de pessoa jurídica para receber doações, mas está registrado no nome de Stephanie Santos, irmã de Renan Santos, um dos líderes. Ela é proprietária do Movimento Renovação Liberal, uma associação privada.

Kim Kataguiri, outro coordenador do grupo, pede doações para sua conta bancária. Até agosto de 2015, ele disse que havia arrecadado R$ 17,7 mil via Paypal, R$ 10 mil em doações diretas e R$ 9 mil com a venda de camisetas.