Mídia requenta delação de Cerveró para acelerar golpe no Senado
O vazamento das conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e apontado como operador do PMDB no esquema de propina da Petrobras, escancarou o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff. Com isso, os golpistas perderam a força para aprovar o impeachment no Senado. Para tentar reverter esse quadro, o consórcio da direita, que inclui a mídia, lança mão de mais factoide e requenta a delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
Por Dayane Santos
Publicado 03/06/2016 13:51
De forma criminosa, a imprensa utiliza a delação premiada de Cerveró que afirma “supor”, isso mesmo, supor (!), que Dilma, à época presidenta do Conselho de Administração da Petrobras, sabia do pagamento de propina a políticos do PT no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
O trecho da delação de Cerveró é claro e cristalino:
Vale dizer que, com o acordo de delação, Cerveró deixará a prisão no próximo dia 24, se comprometendo a devolver mais de R$ 17 milhões em dinheiro desviado.
Criado o factoide e na tentativa de acelerar a votação do processo de impeachment não baseado nas provas, mas no que eles intitulam de “conjunto da obra”, a mídia segue a mentira. Em “matéria” publicada por Merval Pereira, no jornal O Globo, que sai da posição de editorialista para “repórter investigativo”, ele diz que os desvios na compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos, teriam servido para pagar despesas como o cabeleireiro da presidenta Dilma, Celso Kamura.
Merval – que antes da votação do impeachment apelou para intervenção militar para derrubar Dilma –, disse com base em suas fontes no Judiciário, que “os envolvidos na venda de Pasadena trocavam mensagens em uma rede de e-mails do Gmail” – não rastreável, pois as mensagens ficavam sempre numa nuvem de dados –, e que numa dessas mensagens, na véspera da reunião decisiva, há a informação de que “a ministra” (Dilma) já estava ciente dos arranjos dos advogados.
Demonstrando que se trata de factoide, Merval vem com uma conversa sem pé e nem cabeça dizendo que em outras mensagens, “há informações sobre pagamentos de itens pessoais da presidente pelo esquema montado na Petrobras, como o cabeleireiro Celso Kamura, que viajava para Brasília às custas do grupo”. Ora, era a ministra ou a presidenta? E cadê as mensagens? Não publicou.
Na outra frente do golpe, a bancada de apoio de Michel Temer no Senado despejou mensagens nas redes sociais para reforçar o factoide. A senadora Ana Amélia (PP-RS) postou um print da matéria do Merval em sua página no Facebook e comentou: “A revelação é gravíssima e enfraquece os defensores do PT! As denúncias aumentam a responsabilidade dos parlamentares na análise do impeachment e reforçam o desejo da sociedade para um desfecho rápido desse processo!”.
Desde as eleições de 2014, o consórcio golpista cria factoides e mentiras para tentar incriminar a presidenta Dilma. Ela, por sua vez, já reafirmou por vezes que os intentos são em vão.
Nesta quinta-feira (2), durante ato “Mulheres Pela Democracia”, no Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, Dilma voltou a repudiar as manobras golpistas.
“No início, eles queriam que eu renunciasse, para tirar o incômodo que é a minha presença, eu não cometi nenhum crime de corrupção, eu não desviei dinheiro público, não tenho conta na Suíça. Então era melhor eu renunciar. Porque não teria o constrangimento de condenar uma pessoa inocente. Mas nós, mulheres, temos uma imensa capacidade de resistir. Todas as mulheres anônimas deste país resistem no dia a dia, de cabeça erguida tocam o bonde. A minha vida inteira eu lutei. Eu lutei contra ditadura neste país. Eu sei o que é dor, eu fui torturada. Eu sei o que é a imensa tragédia da dor física. Eu sei o que é lutar contra a doença. Agora eu tenho a honra de lutar pela democracia neste momento. Eu tenho que lutar e zelar pela dignidade da mulher brasileira. Nós não somos covardes. Nós mulheres somos corajosas”, afirmou.
Então, golpistas, chupem essa manga.