Temer recebeu nota 2,25 na defesa do trabalhador na Constituinte 

Chamado de livro-almanaque por seus editores, o "Quem foi quem na Constituinte – nas questões de interesse dos trabalhadores" – é uma obra valiosa para que se conheça a posição dos constituintes em favor dos trabalhadores. A publicação se torna atual quando se avalia o desempenho do presidente ilegítimo, Michel Temer, como deputado constituinte. 

Aos 48 anos, e na condição de segundo suplente do PMDB, ele substituiu Tidei de Lima (em março de 1987), que assumiu secretaria no governo de São Paulo. Com 43.747 votos, Temer recebeu nota 2,25 do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), que acompanhou, passo a passo, o voto dos constituintes nas matérias de interesse dos trabalhadores.

No pé da página, após as notas dos dois turnos, o livro do Diap registra: “É presidencialista e votou a favor dos cinco anos para Sarney. Absteve-se quanto ao tabelamento de juros, mas não teve dúvidas ao votar contra a reforma agrária”. Sua votação no primeiro e no segundo turnos pode ser lida na página 630 do livro “Quem foi quem na Constituinte”.

Temer perde na comparação com outros parlamentares renomados. Lula recebeu nota 10; José Serra, 3,75; Arnaldo Faria de Sá, 7,5; Geraldo Alckmin, 7; Severo Gomes, 6; Mário Covas, 6,25; e Fernando Henrique Cardoso, 5.

Documento valioso

Ainda que pressionado pela urgência da publicação e em meio a fortes disputas políticas, o livro sobrevive ao tempo como documento valioso. O critério adotado pelo Diap – para as avaliações – nunca foi posto em dúvida e as notas jamais foram contestadas.

Na página 15, o advogado Ulisses Riedel de Resende, então diretor-técnico do Diap, escreve: “O critério de avaliação do comportamento dos constituintes foi objetivo. Ou seja: não se fez uma avaliação pela simpatia pessoal ou pelo partido em que está, mas apenas, concretamente, como votou as questões consideradas as mais importantes para a classe trabalhadora”.

Na página 7, Nota dos Editores assinala: “A pesquisa realizada pelo Diap – coordenada pelo jornalista Antônio Augusto de Queiroz, ao longo de um ano e sete meses dos trabalhos da Constituinte – chega agora ao conhecimento dos sindicalistas, dos trabalhadores, do povo brasileiro.

Consideramos que o empenho em viabilizar este projeto editorial e lançar a obra no mais breve espaço de tempo possível, junto com a promulgação da própria Constituição, realiza a mais nobre função dos que se dedicam à comunicação e à cultura: contar tudo ao povo, corretamente e com presteza.

Este livro é um instrumento e uma arma para a conquista e consolidação da democracia. Ele já faz História. 21 de setembro de 1988".