Haddad rebate acusações da imprensa: "mentirosa e hipócrita"

Em mais uma tentativa de insuflar negativamente a gestão do prefeito de São Paulo Fernando Haddad, uma reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo nesta quinta-feira (16), empenhou-se em responsabilizar a administração municipal pelas recentes mortes de moradores de rua, supostamente causadas pela queda intensa da temperatura na região.

moradores de rua - Foto: Daia Oliver/R7

Na manhã desta sexta-feira (17), a resposta do prefeito Fernando Haddad foi publicada em sua página no Facebook. Na mensagem ele diz que a imprensa distorce as informações e atribuiu a acusação de "mentirosa e hipócrita". “A grande imprensa foi tomada por uma inédita preocupação com higienismo e moradores em situação de rua”, publicou.

"Mentira"

Na postagem, Haddad esclarece que a prefeitura foi acusada de provocar essas mortes após a retirada “ilegal” de cobertores, mas ele explicou que durante toda semana os óbitos foram investigados e que não há nenhuma relação entre a ação da Guarda Municipal Metropolitana (GCM) com as mortes.

“Hoje, a imprensa me acusa de querer isentar a Prefeitura de responsabilidade pelos óbitos da última frente fria. Não é verdade”.

"Hipocrisia"

Haddad recorda que criou um grande projeto como tentativa de socializar e dar emprego aos moradores de rua e que este mesmo projeto teve reconhecimento internacional, enquanto que em São Paulo, a imprensa foi contra. “Quando criamos o Programa "De Braços Abertos, os dois principais jornais da cidade adotaram posição editorial contrária ao programa. Ele visa, como se sabe, diversificar o atendimento da assistência para atrair o morador em situação de rua dependente de crack para os serviços oferecidos pela prefeitura”.

Haddad, Padilha e Luciana deram
entrevista coeltiva sobre ações voltadas aos moradores de rua.

O prefeito explicou e pediu desculpas pelas palavras empregadas quando comentou na coletiva à imprensa nesta quinta-feira (16) sobre as ações da Guarda Civil Metropolitana (GCM), ele havia dito que a medida de retirada de colchões e papelões das ruas era para impedir a “favelização” de praças e pontos de convívio.

“O que eu disse é que, quando assumimos, havia 17 praças da cidade que tinham comunidades de barracas, onde a dificuldade de abordagem tanto da Guarda quanto da assistência e dos agentes comunitários de saúde se dava pela presença do tráfico”, ressaltou o prefeito e completou: “Eu me desculpo com as pessoas que eventualmente tenham levado a mal o que eu falei.”

Haddad afirmou que, em locais onde há presença de traficantes de drogas, os agentes sociais não conseguem interagir com o público-alvo e a presença de estruturas físicas nas praças e outros pontos facilitava a ação dos traficantes – e era isso que, segundo ele, se queria evitar. “As praças foram desocupadas sem confrontos”, afirmou.

“Essas pessoas têm direito de posse de objetos como quaisquer outros cidadãos. Mas, sob o manto da limpeza pública, os agentes públicos retiram os bens. É uma prática que já vem de outras gestões”, diz a defensora Daniela Skromov de Albuquerque. “Apenas casos extremos, em que há um objeto não portátil em via pública (como um sofá ou um fogão), é que podem ser abertas exceções”, afirma. “Mas isso tem de acontecer com respeito ao Código Processual. O procedimento tem de ser o mesmo que é usado quando se apreende um carro, quando o processado é de classe média”, afirma a defensora.

Prefeito pede desculpas e esclarece sobre projetos da prefeitura

Em sua resposta, Fernando Haddad tratou ainda dos programas e projetos realizados pela prefeitura no sentido de dar cidadania e dignidade aos mais carentes que não são repercutidos pela imprensa local. “Se entendêssemos que o frio não mata jamais, teríamos aberto 1,5 mil vagas provisórias durante o inverno, além das 2 mil permanentes, criadas desde 2013, um aumento de 25%. Serviços inéditos foram criados para além do DBA: para LGBTs (Transcidadania), para imigrantes, para famílias (Família em Foco), etc. Nenhuma cobertura da imprensa.”

Ao encerrar, o prefeito criticou ainda as postagens negativas de internautas sobre a "preocupação" de sua gestão com a assistência à população mais vulnerável. “O que se ouve nas redes são referências ao bolsa-crack e bolsa-traveco, expressões, estas sim, de desrespeito à população vulnerável. Continuaremos a diversificar o atendimento da assistência, em combinação com saúde, segurança urbana, educação e trabalho, para proteger essa população, na melhor tradição de respeito aos direitos humanos. Quem romantiza a permanência na rua em situação de risco extremo não somos nós. Não sejamos hipócritas”, rebateu.

Nesta quinta-feira (15), reportagem da rede Globo informou o resultado das autópsias nos cinco moradores que morreram nesses últimos dias em São Paulo: nenhum morreu de frio.

Segundo o último senso divulgado, em 2015 haviam cerca de 16 mil pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.

Operação Baixas Temperaturas

Na coletiva convocada pela prefeitura de São Paulo nesta quinta-feira (16) a gestão informou que vai fornecer quatro tendas com capacidade para 250 ocupantes cada para acolher os moradores em situação de rua no Centro da cidade. As instalações serão realizadas ainda esta semana na região da Sé, do Anhangabaú, da Mooca e do Glicério. De acordo com a prefeitura, as tendas terão equipes de saúde e controle de zoonoses.

Na ocasião, o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha esclareceu que as tendas terão capacidade para receber mil pessoas e permitirão a presença de animais. Luciana Temer, secretária de Assistência Social explicou que a é uma "tentativa de fazer um espaço mais aberto, que as pessoas se sintam mais à vontade para vir".