Só o plebiscito poderá por fim à crise política que aprisiona o Brasil

 A presidenta Dilma foi afastada, ainda que temporariamente, por um golpe de estado, cuja forma foi adaptada às condições atuais, mas que em seu conteúdo se identifica com o golpe “dos tanques nas ruas”, uma vez que rasga a Constituição e joga na sarjeta a vontade popular. E, o que é pior, caminha para se assemelhar também com a face mais sombria de uma quartelada, suprimindo liberdades democráticas, criminalizando movimentos sociais e alienando ao Estado a integridade física de seus opositores.

 Claudio Machado*

O governo interino do usurpador Temer não governa sob o manto da legalidade por ser fruto de um golpe de estado. Também não está sob o manto da legitimidade, uma vez que não é resultado da vontade popular. Pior ainda. Sua sustentação está assentada em um parlamento envolvido em atos de corrupção e outros crimes, como sobejamente apontam procuradores, promotores, inquéritos e processos judiciais.

 

Mesmo que Dilma venha a ser afastada definitivamente, é certo que o governo golpista e usurpador que a sucederá não terá condições políticas de governabilidade pelo menos até o início de 2019, quando emergirá, esperamos, o novo governo erguido pela força do voto popular.

 

Mas se Dilma for absolvida no senado e reassumir o comando do país, a legalidade terá sido recomposta, uma vez que poderá concluir seu mandato delegado pelas urnas em 2014.

 

Entretanto, barrar o golpe e reassumir o posto não lhe devolverá automaticamente a legitimidade e a governabilidade necessária para propor e conseguir a aprovação de medidas – fora do receituário neoliberal – capazes de superar a crise econômica que avassala o Brasil.

 

Terá contra si o mesmo Congresso que tentou golpeá-la e, nas ruas, o povo ainda desconfiado e inseguro quanto à sua capacidade política de conduzir a grande nave Brasil para um porto seguro.

 

Deverá ela, então, desde já, assumir o compromisso de que irá propor a realização de um plebiscito tão logo retorne ao exercício de seu mandato, para que o povo brasileiro decida sobre o destino do país. Se quer que ela continue à frente da nação até 2018 ou se prefere a antecipação das eleições presidenciais.

 

Qualquer que seja o resultado, o povo terá devolvido a legitimidade ao governo, independente de quem estiver á frente do mesmo, seja Dilma ou quem a suceder.

 

Seja qual for o caminho escolhido pelo voto direto dos brasileiros e brasileiras, Dilma será lembrada pela história como a presidenta que defendeu a democracia acima de seus interesses pessoais. 

 

Só assim a crise política poderá ser superada e a governabilidade reconquistada.

*Claudio Machado é secretário estadual de comunicação do PCdoB e coordenador do núcleo capixaba do Barão de Itararé.
Publicado originalmente no Blog "combatente"
claudiomachado65.blogspot.com.br